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PF prende 10 parentes de Beira-Mar acusados de integrar facção

Cinco filhos, uma irmã, ex-mulher e outros três familiares foram detidos; bando controlava ações criminosas em 13 favelas

Por Constança Rezende e Fabio Grellet
Atualização:
Prisão.A irmã de Fernandinho Beira-Mar, Alessandra Costa, era o seu braço direito no esquema Foto: Fábio Motta/Estadão

RIO - A Polícia Federal cumpriu na quarta-feira, 24, mandados de prisão contra cinco filhos, uma irmã, a ex-mulher e outros três familiares do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de 46 anos. Mesmo preso desde 2002 – até quarta-feira na Penitenciária Federal de Porto Velho –, o criminoso, segundo a PF, continuava a comandar o tráfico de drogas no Brasil e no exterior. Na quarta, após prestar depoimento, ele seria encaminhado à sede da Polícia Federal em Brasília, de onde será transferido para outra penitenciária federal, não divulgada.

Os dez parentes do traficante são acusados de integrar o bando que, sob as ordens de Beira-Mar, controla 13 favelas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. As principais ficam no Parque das Missões, no Parque Boavista e na Favela Beira-Mar. A quadrilha também dominava o comércio ilegal de água, gás e cigarro, além do serviço de mototáxi e máquinas de caça-níquel no município, segundo o delegado Leonardo Marino, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal em Rondônia. As atividades rendiam cerca de R$ 1 milhão mensais, diz a polícia. 

Anotações do traficante Fernandinho Beira-Mar, encontradas pela Polícia Federal sobo colchão dele na prisão Foto: Divulgação/Polícia Federal

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Um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho, Beira-Mar dava as ordens de dentro do cárcere, usando bilhetes escritos à mão. Por meio desse esquema, Beira-Mar ainda dava ordens sobre o tráfico de drogas no Paraguai, no Peru e na Bolívia. Também indicou parentes a serem empregados na Câmara Municipal de Duque de Caxias – nove deles ocupavam cargos, mas não iam ao trabalho. Por enquanto não há indícios da participação de agentes penitenciários no esquema.

“A operação demonstra que, mesmo recluso, Beira-Mar ainda detém o controle de atividades na comunidade de Duque de Caxias. Também descobrimos que ele tinha dinheiro ocultado em imóveis e empresas, como bares”, afirmou o delegado.

Movimentação na PF do Rio.A operação, chamada Epístolas, cumpre 22 mandados de prisão preventiva e 13 de prisão temporária Foto: Fábio Motta/Estadão

A 3.ª Vara Federal de Rondônia expediu ao todo 35 ordens de prisão (22 mandados de prisão preventiva e 13 de prisão temporária), além de 27 de condução coercitiva e 85 ordens de busca e apreensão, a serem cumpridos em cinco Estados (Rondônia, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Mato Grosso do Sul) e no Distrito Federal. Foram bloqueadas 51 contas bancárias, cujo saldo soma R$ 9 milhões, e suspensas as atividades comerciais de nove empresas supostamente ligadas ao traficante. 

Até a noite de quarta, a Polícia Federal não havia informado quantas pessoas haviam sido presas ao todo. A investigação começou há cerca de um ano, com base na apreensão de um bilhete picotado deixado por Beira-Mar em uma marmita. Exames grafotécnicos comprovaram a autoria.