PM busca bando da Rocinha em outras favelas do Rio

Operação pretende localizar bandidos que possam ter fugido pela mata da Floresta da Tijuca e se abrigado em morros da região

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Por Constança Rezende
Atualização:
Exercito em cerco à Rocinha nesta segunda-feira, 25 Foto: Carl de Souza|AFP

RIO - O batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (Bac) está no Morro do Borel, na Tijuca, zona norte, na manhã desta terça-feira, 26. O objetivo é localizar bandidos que possam ter fugido da favela da Rocinha, na zona sul, pela mata da Floresta da Tijuca.A polícia suspeita que criminosos de outros morros que ficam ao redor da mata podem ter dado abrigo aos bandidos. Nenhum resultado foi divulgado até as 10h.

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Na manhã desta terça, a Polícia Militar realiza novamente operação na Rocinha em busca do chefe do tráfico Rogério 157 e seus aliados envolvidos nos últimos confrontos na região.

Na segunda-feira, 25, o Bope também fez operação em outra favela do Complexo da Tijuca, o morro do Turano, que também tem ligação com a mata. Relatos de moradores do morro reforçaram a suspeita de que traficantes da Rocinha usaram a mata como rota de fuga. Segundo essa versão, na madrugada de sábado chegaram ao Turano homens desconhecidos, sujos de lama e folhas. O mais provável é que os suspeitos tenham andado pela floresta até o Horto e lá embarcado em veículos para chegar a favelas da Tijuca.

Entenda o que desencadeou a onda de violência na Rocinha

A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo passado, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da ADA com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.

Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continua no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.

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Na segunda-feira, 18, o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior.Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores. Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".

Na quarta-feira, 20, o governador do Rio afirmou que soube na madrugada do domingo que haveria confronto entre traficantes e pediu que a polícia não interviesse, o que causou polêmica.

Depois de quase uma semana de tiroteios no Rio, as Forças Armadas foram chamadas na sexta-feira, 22, para cercar a Rocinha - a mais conhecida comunidade da capital -, diante do reconhecimento de que o Estado perdeu o controle na guerra deflagrada pelo crime. Ao todo, 950 homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão mobilizados, além de dezenas de blindados e helicópteros. Mais três batalhões do Exército, que somam quase 3 mil homens, estão prontos, caso a situação se agrave. 

Balanço

Desde o início dos conflitos na Rocinha seis suspeitos foram mortos e outros quatro ficaram feridos, além de um adolescente ter sido atingido por bala perdida. O jovem passa bem. Nove pessoas foram presas em flagrante e outras oito foram detidas no cumprimento de mandados expedidos pela Justiça.

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