PMs que mataram jovem são acusados de outra morte em ação

Denunciados por homicídio de Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, participaram de outro crime 5 meses antes

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Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - Os dois policiais militares do Rio envolvidos na morte da atendente de telemarketing Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, ocorrida em agosto de 2014 em Nilópolis, na Baixada Fluminense, já haviam participado de outra perseguição com morte de inocente, cinco meses antes.

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Os PMs, flagrados em vídeo divulgado no fim de semana pela revista Veja, foram denunciados nesta terça-feira, 13, pelo Ministério Público Estadual do Rio.

Em 13 de março, Joel Pereira de Carvalho, de 55 anos, diácono de uma igreja evangélica de Honório Gurgel, na zona norte do Rio, saiu de casa, em Guadalupe, na mesma região, às 6h10, dirigindo seu Corsa, quando foi dominado por três criminosos que entraram no veículo e ordenaram que ele seguisse conduzindo o carro.

Investigação. Ironildo e Sônia Motta, pais da jovem Haíssa, defendem o fim da impunidade Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Na Rua Matos Macedo, o Corsa cruzou com os PMs Márcio José Watterlor Alves e Delviro Moreira Ferreira, que faziam ronda de rotina. Segundo a versão contada à época pela Polícia Militar, os criminosos começaram a atirar e os dois policiais revidaram. Um dos assaltantes morreu, outro foi ferido e preso e o terceiro conseguiu fugir, embora também ferido. Atingido por tiros na cabeça, no pescoço e em uma das mãos, o diácono morreu.

O caso até hoje é investigado pela Polícia Civil, que desmembrou o episódio em dois inquéritos: um já identificou o criminoso que conseguiu fugir e outro tenta esclarecer quem deu os tiros que atingiram o diácono. Os policiais militares afirmam que esses disparos partiram dos criminosos. Para esclarecer o caso, deve ser realizada uma reconstituição.

Denunciados. Alves e Ferreira foram denunciados nesta terça pelo MPE por homicídio doloso duplamente qualificado (por motivo fútil e uso de recurso que dificulta ou impossibilita a defesa da vítima).

Em 2 de agosto do ano passado, por volta das 5 horas, Haíssa, três amigas e um amigo trafegavam pela Avenida Roberto da Silveira, no bairro de Olinda, em Nilópolis, com um Hyundai HB20, quando foram perseguidos por uma viatura onde estavam os dois PMs. Alves atirou na direção do veículo, atingindo as costas de Haíssa, que estava sentada no banco traseiro. Ela morreu.

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Para o Ministério Público Estadual, Ferreira contribuiu para o crime porque era o comandante da viatura e dirigia o veículo durante a perseguição. Além disso, o fuzil usado por Alves estava sob cautela de Ferreira. Os dois PMs foram afastados de suas funções pelo comando da corporação.

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