Tiroteio mata 3 e fere chefe de UPP em Copacabana

Conjunto de favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo teve primeiro grande confronto entre polícia e tráfico desde o período olímpico

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Por Constança Rezende e Fabio Grellet
Atualização:
Policial durante patrulhamento em um dos acessos da favela Pavão-Pavãozinho Foto: Fábio Motta/Estadão

RIO - Moradores de Ipanema, Lagoa e Copacabana, três dos bairros mais famosos do Rio, viveram nesta segunda-feira, 10, um dia de pânico e tensão, por causa de confrontos entre policiais militares e traficantes no conjunto de favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, situado no limite entre esses bairros. Cinquenta dias após o fim da Olimpíada, período em que não houve nenhuma ocorrência policial grave, nesta segunda o barulho de tiros e explosões começou de manhã e durou até o fim da tarde. 

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Três suspeitos foram mortos e três policiais militares ficaram feridos, entre eles o capitão Vinícius Apolinário de Oliveira, comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) existente na favela desde dezembro de 2009. Atingido por estilhaços de um disparo, ele passa bem. Até as 19h30, oito suspeitos haviam sido presos, mas a movimentação da polícia continuava na região. Pelo menos três desses detidos teriam sido convencidos a se entregar após negociação intermediada por familiares.

O conjunto de favelas abriga cerca de 10 mil pessoas em uma área de 128 mil metros quadrados, o equivalente a 18 campos de futebol iguais ao do Maracanã. Embora os confrontos só tenham ocorrido dentro da favela, o som dos tiroteios assustou quem passava pelas ruas próximas, principalmente em Copacabana e Ipanema. O comércio, normalmente aberto até a noite, fechou as portas por volta das 10 horas. Acessos para a Estação de Metrô General Osório, em Ipanema, chegaram a ser fechados por mais de uma hora. 

A unidade do Rio Poupa Tempo situada no Complexo Rubem Braga, um dos acessos à favela, em Ipanema, encerrou as atividades às 15h20 - normalmente funciona até as 17 horas. O túnel Major Rubens Vaz, que liga as Ruas Tonelero e Pompeu Loureiro, em Copacabana, chegou a ser interditado, assim como trechos de ruas de Copacabana e Ipanema, como a Professor Gastão Bahiana e a Barão da Torre.

Em uma esquina da Rua Saint Roman, o principal acesso à favela, funciona um hotel de luxo cujos hóspedes ficaram apavorados. Clientes hospedados em quartos voltados para a favela pediram para ser transferidos, e houve quem tenha mudado de hotel. 

Helicóptero. Em um dos momentos mais tensos do confronto, policiais militares em um helicóptero balearam um suspeito que estava escondido em uma encosta do morro. O homem caiu de pelo menos 30 metros de altura sobre uma mata. Moradores de prédios das imediações filmaram a cena e o vídeo foi replicado nas redes sociais. Até a noite desta segunda, o homem não havia sido localizado.

O nome dos suspeitos mortos também não havia sido divulgado até a noite desta segunda. Entre os presos estaria o chefe do tráfico de drogas no morro, que integra a facção criminosa Comando Vermelho. Foram apreendidos vários fuzis, pistolas e outras armas.

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Feridos e mortos. Houve pelo menos três momentos mais intensos de confronto, dois de manhã e o terceiro às 14h30. O comandante da UPP foi atingido durante esse último. Levado para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio (região central), o capitão foi medicado e liberado em seguida. Ele chegou a voltar à favela onde havia se ferido.

O primeiro suspeito baleado morreu a caminho do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea (zona sul). Trata-se de Andreo Lourenço, de 22 anos. Amigos e familiares afirmaram que ele estava desempregado e nunca trabalhou para o tráfico de drogas na favela. Parentes contaram que Lourenço estava desarmado e foi atingido com um tiro na boca quando estava na quinta estação do plano inclinado do Pavão. A polícia afirma que ele estava armado com uma pistola, que teria sido apreendida. Outro dos três suspeitos mortos é um homem conhecido na comunidade como Songa.

“O policiamento segue reforçado pelo Comando de Operações Especiais (COE) e por outras UPPs da região”, informou o comando da UPP em nota oficial. Já o Batalhão de Choque divulgou que, cumprindo determinação do Comando de Operações Especiais, policiais realizaram operação na comunidade do Pavão. Segundo o batalhão, a ação teve por finalidade combater o tráfico de drogas e reforçar o patrulhamento na região. 

“Durante a continuidade do patrulhamento, um grupo de criminosos armados, incluindo o chefe do tráfico local, foi cercado após intenso confronto por homens do Choque e do CPP no alto da comunidade e se rendeu”, informou a polícia.

ATENÇÃO: IMAGENS FORTES

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