PUBLICIDADE

Professores fazem ‘vaquinha’ para limpeza do Museu Nacional

Espaço fechou por falta de dinheiro para pagar faxineiros; docentes temem que sujeira afete acervo, composto de material orgânico

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Professores dos cursos de pós-graduação que trabalham no Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se uniram para pagar a passagem de ônibus da equipe de limpeza. Eles temiam que a sujeira afetasse o acervo, composto de muito material orgânico, sensível a micro-organismos. O museu fechou na segunda-feira por falta de dinheiro para pagar os faxineiros, que estão com salários atrasados já há três meses. O serviço de portaria é outro problema: teve o contrato cancelado.

O Ministério da Educação fez um repasse de R$ 4 milhões na própria segunda-feira, e, nesta terça-feira, o reitor da UFRJ, Carlos Levi, determinou que o museu, o principal de história natural na América Latina, seja reaberto ainda nesta semana. “Queremos reverter a situação de maneira ágil. Por causa do contingenciamento dos recursos, tivemos muitas dificuldades, que estamos tentando administrar”, disse Levi na tarde desta terça. A diretora do museu, Cláudia Rodrigues Carvalho, não definiu a data certa da reabertura.

Cartaz colado emuma das portas do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, anuncia o fechamento do espaço Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

PUBLICIDADE

O espaço museológico e os cursos de mestrado e doutorado da UFRJ nas áreas de antropologia social, arqueologia, botânica e zoologia dividem o espaço do Palácio de São Cristóvão, que abrigou a família real portuguesa desde a chegada de d. João VI ao Brasil, em 1808.

Crise. No último fim de semana, quando o museu recebeu cerca de dez mil visitantes, os funcionários da limpeza só puderam se deslocar para o trabalho por causa da vaquinha dos professores, contou o antropólogo Luiz Fernando Dias Duarte, um dos diretores do museu e responsável pelo planejamento das comemorações por seus 200 anos, em 2018.

“A crise é estrutural. A UFRJ não tem recursos suficientes. Se o dinheiro não chegar até amanhã (quarta), vamos pagar para que seja feita uma faxina final. As coleções são muito vulneráveis”, considera Duarte. 

Instalado na Quinta da Boa Vista, parque do bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio, o museu tem boa visitação por estar inserido em uma área de lazer de grande apelo popular. Os cursos de pós-graduação, por sua vez, estão entre os mais destacados do País. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.