Rio pode ter rodízio de carros, diz secretário

Segundo o secretário de Transportes carioca, medida seria adotada nos moldes de São Paulo

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Por Pedro Dantas
Atualização:

O caos no trânsito provocado interdição do Túnel Rebouças, principal via de ligação entre a Zona Norte e Zona Sul da cidade, pode levar o Rio a adotar o esquema de rodízios dos carros de passeio, nos moldes de São Paulo, a partir da próxima quinta-feira. "Caso volte a chover no final de semana ou o trabalho de remoção da terra do Túnel Rebouças não seja encerrado até quarta-feira, vamos ter que adotar medidas mais radicais", afirmou o secretário municipal de Transportes do Rio, Arolde Oliveira. Retirada de terra Túnel Rebouças será intensificada nesta tarde  No terceiro dia de interdição, trânsito é lento no Rio Acompanhe ao vivo a situação do trânsito  Imagens do caos no Rio  Ele ressaltou que a medida será "um último recurso". "O rodízio não é política da prefeitura do Rio, porque limita o direito de ir e vir, mas caso persista o fechamento do túnel vamos tentar um acordo com a população motorizada para a adoção do rodízio. Até porque queremos evitar demandas judiciais", declarou o secretário. O túnel permanece fechado desde a madrugada de terça-feira após um deslizamento de terra provocado durante as intensas chuvas que castigaram a capital fluminense. De acordo com Oliveira, o rodízio seria adotado após um decreto de emergência do prefeito Cesar Maia. Ele avalia que a Prefeitura poderia retirar de circulação um ou dois números finais de placa e diminuir de 10% a 20% da frota dos carros de passeio na cidade. O secretário de Transportes disse que a população retirou "voluntariamente" das ruas 40% dos veículos de passeio após o fechamento do Rebouças, mas reconheceu que as condições do tráfego ontem não eram boas. Segundo ele,700 mil veículos de uma frota de 2 milhões circulam pela cidade nos dias de maior movimento. Nesta sexta-feira, 26, para acelerar a retirada das 7 mil toneladas de lama da encosta acima do túnel, a prefeitura utilizou jatos d'água, um deles com o auxílio de uma escada magirus. A previsão é que 600 mil litros de água sejam utilizados na operação. O trabalho dos bombeiros, que jorravam água sobre a encosta para provocar o deslizamento, era interrompido apenas para a retirada da terra da saída do túnel por caminhões da Prefeitura. A estratégia dividiu os funcionários do município. "Isso vai atrasar a retirada, porque a lama vai ficar molhada e compacta", disse um funcionário da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Na Rua Cosme Velho, um dos acessos ao Cristo, turistas se surpreendiam com o rio de lama que escorria ladeira abaixo. As causas para a queda da barreira provocou um bate-boca entre autoridades municipais e federais. A divulgação por parte do presidente da GEO-Rio, Mauro Baptista, de que as vistorias das encostas eram feitas por funcionários da Coordenadoria de Vias Especiais, o órgão municipal de trânsito, apenas com base na identificação visual revoltou o secretário municipal de Obras, Eider Dantas. "Isso é conversa fiada. Fazemos vistorias mensalmente", disse Dantas. O secretário mudou de versões várias vezes sobre a possível causa do deslizamento da encosta entre o túnel e a Favela do Cerro-Corá. Primeiro, Dantas atribui a um vazamento de uma tubulação de água clandestina. Em seguida, ele disse que a causa era uma vazamento de um encanamento da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e, na manhã desta sexta, afirmou que a causa poderia ser uma "mina de água potável". Para o presidente da Cedae, Wagner Victer, a falha na drenagem das águas da encosta do túnel pode ter provocado os deslizamentos que soterraram um dos acessos. O serviço de drenagem é de responsabilidade da prefeitura. Ele levantou a suspeita ao isentar a companhia que dirige de culpa pelo desabamento. "Não vou aceitar receber a culpa por algo impossível. Mesmo que todos os moradores da favela decidissem, num ato de rebeldia, romper seus canos, mesmo assim não poderia haver queda de encostas porque o sistema de drenagem deveria funcionar. E se vazamento de `gato' (ligação irregular) derrubasse encosta, então todas as favelas do Rio já teriam caído", afirmou. Apesar de afirmar que sua intenção era a de evitar "polêmica com a prefeitura", Victer acabou jogando a responsabilidade para os órgãos municipais. "Quero esclarecer quatro pontos: não existe adutora da Cedae na região. Além disso, a companhia não é responsável pela drenagem de água, nem pelo monitoramento das encostas, nem pelo controle de uso do solo", afirmou. Segundo Victer, a prefeitura não comunicou formalmente a Cedae dos deslizamentos. Apesar disso, a companhia enviou uma equipe ao local do túnel e cortou, preventivamente, o fornecimento de água para a Favela Cerro-Corá. Técnicos fotografaram canaletas de drenagem entupidas, e encanamentos da drenagem, junto ao local do desabamento. "Os encanamentos da Cedae estão a 80 metros do local do deslizamento", afirmou Victer. Matéria ampliada às 20h01

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