Sem militares, idoso morre vítima de bala perdida na Vila Kennedy

Morador foi baleado na cabeça no domingo durante tiroteio; Forças Armadas haviam estado na comunidade no sábado

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - A polícia do Rio de Janeiro confirmou nesta segunda-feira, 5, que um idoso, morador da Vila Kennedy, morreu vítima de bala perdida em um tiroteio no domingo, 4, na favela, que fica na zona oeste da capital fluminense. Ele tinha 66 anos e foi baleado na cabeça. As Forças Armadas haviam estado na comunidade no sábado, 3, e não houve embate com bandidos. Na manhã desta segunda-feira, PMs e traficantes se enfrentaram novamente, segundo moradores - a polícia não confirmou o confronto.

Na semana passada,fuzileiros navais tiraram fotos de moradores da Vila Kennedy e de suas carteiras de identidade, o que gerou mal-estar na população Foto: Wilton Júnior/Estadão

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Segundo informações oficiais, o idoso e uma outra moradora, baleada na coxa sem gravidade, foram alvejados em uma troca de tiros entre criminosos e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Os PMs foram atacados em uma localidade conhecida como Bairro 13, no fim da tarde, divulgou a PM, depois de abordarem uma motocicleta com dois suspeitos. Vizinhos contaram que não foi um embate longo.

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Já nesta segunda-feira, houve embate entre bandidos e policiais do Batalhão de Choque da PM, segundo relatos de moradores. Nesta segunda, três pessoas foram conduzidas à 34ª Delegacia de Polícia (Bangu) pela PM, por posse de drogas e mandado de prisão em aberto.

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A Vila Kennedy foi alvo de quatro operações pontuais das Forças Armadas desde a decretação da intervenção federal na segurança do Rio, no dia 16 de fevereiro, logo após o carnaval, pelo presidente Michel Temer (MDB). Desde então foram retiradas barricadas do tráfico que impediam a passagem de veículos das forças de segurança. Com a saída das tropas, as barreiras foram recolocadas pelos criminosos.

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Ao comentar o destinos das UPPs no escopo da intervenção, o novo secretário de Segurança do Rio, o general Richard Nunes, citou a favela como um local de "índices de criminalidade controlados", para o qual seria oportuno atrair ações sociais do poder público.

"Levaremos as ações sociais do Exército, com a participação de outras instituições", afirmou, em entrevista ao jornal O Globo publicada domingo. A UPP da Vila Kennedy foi inaugurada em 2014, mas o tráfico resiste até hoje.

Os moradores criticam o abandono da UPP e do poder público de uma forma geral.

"A gente não precisa de militar, e, sim, de escola, de posto de saúde. Tem certeza absoluta de que (a intervenção) não vai adiantar nada. No início, fizeram grande propaganda, disseram que iriam tomar a comunidade de volta. Mas o que se viu (no sábado) foram oito horas de trabalho. Eles chegam, dão o expediente deles e vão embora", criticou um rapaz em entrevista ao Estado no domingo.

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Sobre as barricadas retiradas e colocadas de volta pelo tráfico, o Comando Militar do Leste divulgou a seguinte nota:

"Novas operações continuarão a ser feitas para a remoção dessas barricadas, que visam não somente a evitar o acesso da polícia, mas também a chegada dos serviços essenciais. Com a gradual recuperação da capacidade operacional da Polícia Militar, visualiza-se que ela possa impedir essas que essas ações de bloqueio continuem a ser feitas", afirmou. "No momento, em especial nas áreas conflagradas, a PM não tem tido possibilidade de impedir, embora esforce-se incansavelmente para isso. O Comando Conjunto pretende continuar apoiando essas ações de liberação de vias nas comunidades."