Vítima de estupro coletivo no Rio foi atacada por jovens após cilada

Segundo delegada, ela foi estuprada por ao menos 3 adolescentes, após ser chamada para um encontro

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

RIO - A adolescente de 12 anos vítima de um estupro coletivo na Baixada Fluminense ficou pelo menos uma hora em poder dos agressores. Ela foi estuprada por ao menos cinco pessoas, quatro delas identificadas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (Dcav). São três adolescentes e um maior de 18 anos. A garota foi estuprada após ser atraída para uma cilada, a pretexto de encontrar um amigo ou amiga.

Protesto no Rio contra violência sexual Foto: Fábio Motta|Estadão

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A polícia ouviu nesta segunda-feira, 8, pela primeira vez a menina. Ela e a tia chegaram à Dcav às 10 horas. Muito franzina, garota escondia o rosto com um casaco de moletom. Às 11h15, elas deixaram a delegacia com a delegada Juliana Emerique para ir ao Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança (Caac), no Hospital Municipal Souza Aguiar. Ali, ela recebeu tratamento profilático contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e passou por exame de corpo de delito.

A menina também foi ouvida no próprio hospital, por policial capacitado para entrevistas com crianças e adolescentes vítimas de violência. O depoimento foi gravado, para que ela não tenha de repetir a história. A garota dormiu após ser medicada. “Ela contou que foi à casa encontrar uma pessoa. Não vou revelar mais para não atrapalhar investigação”, disse a delegada Juliana Emerique.

Ela também não contou se foi o primeiro abuso sofrido pela menina nem deu mais detalhes sobre a casa em que aconteceu o crime. O estupro aconteceu há cerca de três semanas, e o vídeo foi divulgado em 30 de abril. Nas imagens, ela é estuprada em um revezamento. Um dos criminosos diz para ela calar a boca para não ser reconhecida. “Tapa o rosto da novinha”, afirma. A tia da menina a reconheceu e denunciou a agressão à polícia. 

“A menina está muito abalada. Ela não esperava que o vídeo tivesse a repercussão que teve. Nem o julgamento da internet e das pessoas da comunidade. Estamos falando de um estupro de vulnerável, de uma menina de 12 anos”, afirmou a delegada. “É um susto muito grande para a vida de uma adolescente.”

Facebook. Em uma parceria com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), a Dcav pediu ao Facebook o “congelamento” dos dois grupos fechados que compartilharam o vídeo do estupro. A medida permite à polícia preservar as mensagens trocadas. Compartilhar esse tipo de imagem também é crime. O Facebook também informou à delegada que vai retirar os vídeos publicados. Novos compartilhamentos estão sendo monitorados. 

A família da menina aceitou entrar para o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. “Não podemos banalizar a violência. A vítima é uma criança que precisa ser protegida e orientada. Foi machismo, foi abuso sexual e psicológico o que essa jovem sofreu”, afirmou o secretário de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres, Átila A. Nunes.

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