O tempo, unidade irretorquível, é tua medida
Assim como é tua a escolha da liberdade
Nestes milenios a Terra inculta
Aprendeu a fecundar-se
E, sem mistério, passamos a perceber
O jardim que nos habita
Pois hoje é um dia decisivo
Hoje, antes que termine a noite
Tudo será recriado,
Da lamparina à luz natural
Dos feixes de água até os espelhos das cavernas
Das nebulosas às ágatas que rolam
Nestes quase seis milênios
Os povos debateram quais seriam seus nichos
Os homens, em consensos instáveis, saíram das tribos
Entraram em comunidades
E cambaleantes, mudaram o percurso do mundo
Oscilantes, abalaram a Terra com sangue e discriminação
Hoje, mais do que ontens e amanhãs, é tua chance de enxergar
A fusão de horizontes como única saída
A Tolerância como premissa
A Consciência como eixo da mutação
Fixamos datas como simbolos
Mas elas podem ser bem mais do que isso
Elas são marcos da distinção
Respeito às idiossincrasias
É contemplar o entorno como união
A separação como exceção
A vida como norma
E o dialógico como filtro do convivio
Acenamos para a cabeça do ano (Rosh Haschana)
Como quem congratula-se com irmãos
Venham de onde vier
Estejam onde estiver
Neste dia, Israel, em uma palavra, acena com a inspiração
Secular e não secular
Para que o destino esteja na posse de cada sujeito
Num tempo que nos congregue
Para além do tempo presente
Meditando o mundo interno
Vivendo cada dia representando o Eterno.
Shaná tová e um ano bom e doce para todos