Paulo Rosenbaum
01 de outubro de 2013 | 20h25
O PT e o PSDB praticamente monopolizaram os últimas duas décadas da historia política recente. Ainda que tenhamos avançado nos indicadores sociais, nenhum deles fez as reformas essenciais, aquelas que nos concederia estabilidade política e social. Pelo contrário. Essa, a prova empírica do esgotamento e do final de um ciclo. Por outro lado, há uma incapacidade generalizada de interseções que favoreçam causas comuns. A resultante desta inação têm feito as instituições descerem ao descrédito. A manutenção de um governo com oposição sombra, vale dizer, que não se antecipa, limitando-se ao observatório reativo e que caminha ao reboque das denúncias, facilita o trabalho de uma aliança que deveria gerenciar o País. Quem governa precisa entender o ônus do desgaste, quem se opõe, o dever de explorar as falhas e apontar saídas republicanas. Quando nem uma coisa nem outra acontece, os fatos criam as fontes: as ruas. Só que ruas que não se organizam são avenidas franqueadas à violência e ao desatino. O resultado é a criação de uma zona franca de intolerância na era geral das incertezas e do mal estar. Barrar novos partidos é destruir o princípio da isonomia e mais um passo para enaltecer simbolicamente um cenário devastado, enquanto nós, os atores da peça estamos sincera e justificadamente fartos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.