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Crônica, política e derivações

Censura sem fim

Por Paulo Rosenbaum
Atualização:
 Foto: Estadão

"Os desembargadores da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal confirmaram nesta quarta-feira decisão que, desde julho de 2009, impede o jornal O Estado de S. Paulo de publicar notícias sobre a Operação Boi Barrica."

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"Entidades representativas da imprensa criticaram a decisão tomada nesta quarta-feira pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que manteve a censura ao Estado. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) considerou o fato "alarmante'."

Para Ruy Mesquita

- O jornal está censurado? - O termo é um pouco forte. Está sob monitoramento conteudístico. - Ah! O que vêm a ser isso? - Verificaremos todos os dias se o Sr. imprime o nome da pessoa que não deve ser mencionada. - Só isso? -- Nem fazer referências alusivas, veladas, simbólicas, metafóricas ou alegóricas a eles. Leremos de cabo a rabo, buscando menções indiretas que possam identifica-los .E se o jornal desrespeitar isso - Censura! - Depende como o Sr. quer chamar. Censura era na ditadura. Chame de outro nome. - Verrinário, exprobrador, inconcepto, todos eles juntos se quiser. - Vocês colocavam a receita de bolo e os Cantos dos Lusíadas.Todo mundo sabia que a tesoura passou por ali.Engenhoso, mas hoje nem isso não passaria. Eu ainda era criança e meu pai me dizia o que era. - E o Sr. não aprendeu nada com aquilo? - Não é nada pessoal, sou só um funcionário. Faço o que é minha função. - Censor! Você é um censor! - O Sr. persiste nas palavras duras. Para que isso? É só uma proibição zinha. - Uma ova, isso é censura e quem manda nessa porra sou eu! - Gozamos de liberdade ampla geral e irrestrita. - Só se for na tua casa. - Calma Dr., eu só vim trazer o ofício. - E lacrar a redação se ousarmos fazer menção aqueles dois. Tenho experiência e faro filho, começa assim, mas isso vai longe. - Pois é o que a lei determinou! Como disse não mando em nada, sou um cumpridor de ordens. - A lei pode ser injusta, meu pai, avô e eu já fomos presos e exilados porque desafiamos leis injustas. - Já que o Sr. falou, sou pelo controle da imprensa. No próximo mandato eles já avisaram para todos nós que vão apertar. -Faríamos e faremos tudo de novo e mais uma vez para lutar contra a repressão e os repressores. - Entendi, o Sr. acha que publicar o que bem entende é o justo? - Não sei, mas é a função da imprensa livre. Liberdade meu caro, algo que você nunca entenderia. - O Sr. está se exaltando! - Querido, você não ia querer me ver exaltado. - Se publicar, vou ter que autuar. - Pode lacrar, autuar e adjudicar o prédio todo que agora vou publicar mesmo. E tem mais. Amanhã vai sair este nossa conversa filosófica sobre liberdade e censura. - Ihh! Já vi que o Sr. quer engrossar. Não posso ser identificado, o pessoal lá em Brasília vai chiar. - Meu caro, você já foi identificado. - Ah é, como? - Nunca esqueço um rosto com formato de tesoura.

 Foto: Estadão
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