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Crônica, política e derivações

Elogio da alienação

Por Paulo Rosenbaum
Atualização:
 

Será que só em alienação conseguimos enxergar o perfil misterioso que se esconde atrás de todas as coisas? Promissor mar de sóis. E assim supor que há um fio que nos sustenta, que nega o culto da morte? Mesmo assim ainda podemos discordar da mandatária geral? Eles ainda não sabem que existem motivos de sobra para desconfiar? Na versão deles somos uma nação de pessimistas com má vontade. Como aprendemos nestes infindáveis 12 anos, o apego ao poder supera a autocritica E se o verde não fosse um partido, mas a grande causa sem partido? E se os fantasmas de estadistas promissores não precisassem encarnar em candidatos? E se desligássemos as TVs e escolhêssemos o que ler nos jornais? E imaginar que as cidades romperam suas degradações? Pois, só para fazer a imagem, e se os fragmentos superassem o todo? E se as ruas arborizadas não fossem exceções? E se a periferia e o centro viessem juntas, numa plaina suave? Esqueçam uniformidade, pensem em vizinhanças com vãos livres. Onde consenso e planejamento substituíssem leis e decretos. E se as conversas rasgassem nosso campo de visão para fundir horizontes? E se a terra fosse cultivada sem que quem a possui desconfiasse de quem a trabalha. E vice versa. E se o consumo tivesse outro destino? E se o ofício não estivesse divorciado do talento? E se invertêssemos o mundo só para usufruir novos ângulos E, se hoje, o céu fosse convidado a testemunhar na CPI das coisas impossíveis? E se o afastamento das galáxias fosse a pauta no Congresso? E se o esforço concentrado não estivesse em apontar para a brutalidade da matéria? E se as carreiras não penalizassem o mérito? E a se a fama não fosse a moeda das oportunidades? E se o sol fincasse pé no corredor de todos os espaços? E se os prédios se sustentassem nas hortas? E se o infinito sentasse para narrar sua história? As vezes, a impossibilidade nos aliena na justa medida. Mas, um fato acaba de se impor, bem aqui: acabamos de imaginar esse dia memorável.

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