Não mais reconheço lágrimas
Ofuscada a emoção, tudo virou cenário
Achavas realmente que igualar-nos em sofrimento,
Impondo silêncios, tornando princípios, mitos
Desalojando milhões e mudar regras às cegas
Nos condenaria à resignação?
Ah, agora lamentas os que ficaram de fora?
Alguma culpa pelo ônus e exaustão?
Pelo inassimilável custo dessa aventura?
Quem teceu o teatro escuso?
E a impostura dessa moldura?
A justiça, em obstrução, na contramão?
A única vitória é libertar-se sem libertadores
Ou deveríamos ceder à opressão?
Desvincular o abuso, do termo,
Do teu comando ativo, desgoverno.
Nos decretos e acordos que te perpetuaria
Na seda da hegemonia, à nossa revelia
Como nenhum homem é ilha
Devolva-se a República à calma
E às ruas, a alma
Retirada da inação e afasia
A sede que irriga este fim da folia.