Paulo Rosenbaum
14 de junho de 2020 | 15h41
O que estamos esperando?
Sem cerrar fileiras, a inação é iminente
Serão todos contra todos
Onde as tábuas de salvação flutuam
Os lados e seus fronts, posicionados
E teus soldados, estarão preparados?
A selva, armada?
Nos impuseram silêncios
Os inertes, convocados, desertaram
O centro migrou
E seus membros (que já não eram grande coisa)
Caíram, ainda vivos, na obsolescência
E onde fica o sujeito na guerra das porcentagens ?
Somos seres analógicos, coagidos ao digital
Por que haveríamos de sumir?
Oprimidos entre a seletividade dos discriminadores
E a violência dos anti
Entre supremacistas do bem
E o monopólio de redatores néscios
O que estamos esperando? Eles vão chegar.
Os déspotas disputam troféus com seus antípodas
Que insistem em nos ensinar:
“Quem somos nós?”
E quem são vocês para perguntar “quem somos nós?”
Os tribunos prosperam, contando tributos
Ocupados com intervenções jamais requisitadas
Enquanto os juízes, desvencilham-se do juízo,
Promulgam o veredito uníssono: perpétua
O subtexto está lá: o poder imanta o pior
E neste isolamento sem fim, em sua insípida dissipação
Que a vida foi pulverizada
Em vez de descentralização, acúmulo de força
O que estamos esperando? Eles chegarão.
O término de algum processo?
Uma grande ordem: “finda a doença?”
O que esperamos? Eles vão chegar.
O adiamento do perigo?
Idealizar a invulnerabilidade?
As moléstias vivem se substituindo
E a extinção, parte do corpo biológico
O que estamos esperando? Eles estão chegando.
Quem induz fobia colhe terras devastadas
Onde nada cresce
Quando chegarem, nem os dóceis permanecerão trancados
Casa lacradas ou prisão domiciliar? Nem ouse gritar
A incitação à liberdade foi tipificada
Inimputabilidade só para aqueles a quem a causa convier
O que estamos esperando? Eles chegarão.
A autorização do saneador geral?
De onde virá a cura?
A saúde é patrimônio individual
Toda conivência política com a doença é um ardil
O detalhe é, o inadiável chegou.
Agora pode ser uma escolha. Agora.
Enfrentaremos o risco ou seguiremos produzindo álibis?
O que estamos esperando?
Eles já chegaram?
Sempre estiveram aqui.
Nós? Nunca.
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