Não vimos barcos, nem velas
no horizonte, chão espesso,
nem piso, nem recomeço
Não vimos volta
do exílio, iminente
as salvaguardas, fluídas
No isqueiro, imenso
Não vimos a censura,
de revista em revista
nos privar da leitura
Não vimos calçadas,
E, perdendo o átomo,
Miramos o concreto
a matéria, o minério
Não vimos tempestade, nem areia,
enquanto sonhos se revezavam,
as provas, robustas,
o tirano acuado
mas, no rito do impedimento
migramos de volta ao relento
Enxerguemos no tempo,
dobra do espaço,
obliqua janela,
notável advento,
a indecifrável rota
que finda o tormento.
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