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Crônica, política e derivações

Removam cadeados

Por Paulo Rosenbaum
Atualização:
 Foto: Estadão

O casal andava melancólico. Combinaram o dia: 12 de junho. Únicos a aplaudir a iniciativa, entoavam: removam todos! Convencidos de que alguém precisava romper com o anzol inflexível, postaram-se na passarela e estenderam a faixa: "Cadeado é cativeiro".

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Não esperaram a prefeitura, protocolaram promessas, nem formalizam nada. Precisavam libertar todos do cárcere privado que a sociedade inventou. Não era uma questão de compromisso ou fidelidade, submissão ou sedição. O que estava em jogo era a honra dos amantes.

Concordavam no essencial: para que tantas exigências e pactos neuróticos? No meio da ponte, debruçaram-se e trocaram o penúltimo olhar. Ela lembrou do primeiro dia, ele,  do amor à primeira vista. Foi quando subiram no parapeito e decidiram.

Hesitaram, até que, na sincronia não planejada, mergulharam no rio relapso. No julgamento do mundo, um ato insignificante, quem se importa com suicídio, escândalo ou litígio?

Premidos pela beleza do entorno,

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flutuaram para além das ilusões,

Sem certezas, embebidos de intuições,

se já houve algum sentido para o amor, que seja emancipador.

 

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