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Crônica, política e derivações

Terror Próspero

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Por Paulo Rosenbaum
Atualização:
 Foto: Estadão

Já desconfiava dessa sequencia. Podem chamar de eloquência, exageros da lucidez ou como escreveu Goethe "Não venham me confundir com contradições. Logo que falamos, começamos a errar". Concessões e filtros chegam antes do fluxo de consciência. De cara, é preciso fôlego: não há equivalência moral entre atos terroristas. Mas isso importa agora? Faz sentido balança ética quando a pólvora está seguindo seu rastro? Estamos fartos de pancadaria. Ela impera. Ninguém mais suporta manipulação. Ela se impõe. O terror sucede. Sucede porque vinga. Alguém tem que se defender. E atender provocações. O medo criou auto suficiência. A razão, enterrada por argumentos. Quem terá razão? A paz? Sufocada, sequestrada e morta? Enquanto as lideranças dormitam no silencio. Na inação. A diplomacia perdeu o recato. Vazou na Casabranca: que se matem! Mas é evidente que foguetes merecem resposta. Bombas idem. Mas respostas para quem? Para perguntas nunca formuladas? Como é facílimo eliminar a ingenuidade. Que moleza incinerar a esperança. Por isso, a evolução reafirma competição sobre cooperação. As tribos demandam seleção natural. É tudo, menos natural. Sobrevive quem joga melhor. Na base da simulação. A farsa da superação. Muito antes dos corpos, armas já perfuraram espíritos. A vida some diante das colunas. Os blindados rastejam na areia. Sob a mira indiscriminada de lançadores móveis. O novíssimo terror é avulso, automático, prêt-à-porter, a la carte, sob demanda. Meia dúzia, e endossam qualquer Guerra. Eis o verdadeiramente catastrófico. Arrecadação nas redes, crowdfundig para drones, plutônio na manga.  O troféu? Assassinato de acordos. Violações e presunção de selvageria. A vida como obra de arte? Não para os cavalheiros. Quem dá a mínima para democracias nos desertos? Pena. O gradiente de regeneração sempre excluiu órfãos e sobreviventes. Ainda assim, a praxe é que a história se refaça. Quem será o descartado desta vez?

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