A estreia do Acervo Estadão, que colocou 137 anos de história do Brasil e do mundo à disposição dos leitores, provocou uma série de reações afetivas nas pessoas que acessavam o site pela primeira vez.
Após as primeiras pesquisas, foram comuns as manifestações de deslumbramento e felicidade ao encontrar textos memoráveis de autores consagrados lidos uma vez e nunca mais relidos, a menção ao próprio nome ou de alguém querido numa reportagem, a satisfação em saber o que era notícia no dia do seu nascimento e o encantamento em saber como era o mundo em que certas facilidades de hoje ainda não existiam.
“Acervo do Estadão no Ar. Aviso que vou sumir por uma semana”, escreveu um empolgado @Antonio Felipe no Twitter. “Status: in love com o acervo digital do Estadão”, tuitou @Vitor Dirami. Mensagens no mesmo tom continuam a chegar por todos os lados.
Passada a euforia inicial, uma nova percepção sobre o significado de ter um acervo como esse acessível já começa a tomar forma. Apesar de não se tratar de um material inédito, nunca tantas pessoas tiveram a oportunidade de, por exemplo, ler a íntegra da cobertura de Euclides de Cunha sobre o conflito de Canudos, em 1897. A obra-prima, que no passado exigiu várias edições do jornal e, depois, foi compilada em livro, está agora acessível de qualquer lugar com conexão de internet.
Cientistas que nunca estiveram perto de uma coleção completa do jornal já recolhem reportagens que jamais leriam. Acadêmicos que passaram anos em busca de informações começam a encontrar o dado que não aparecia, mesmo depois de abnegada leitura e de horas sobre antigos exemplares ou em soníferas máquinas de leitura de microfilme.
Será possível reescrever a história em muitos aspectos. Uma informação importante que ficou adormecida num pé de página, lida praticamente uma única vez, poderá mudar o entendimento sobre acontecimentos que ao longo dos anos passaram a ser contados sem aquele dado fundamental. Não vai demorar a surgir um fato novo saído das antigas páginas. É o jornal ganhando uma nova vida.