Nunca mais haverá outra oportunidade como essa. E o Brasil desperdiçou. Após mais de dois anos de trabalho, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade é um grande TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), com muita compilação de informações já conhecidas e quase nenhuma novidade.
Ao desprezar a Lei da Anistia e optar por nada produtivas sessões públicas de esculacho contra agentes da ditadura, a comissão jogou no lixo a oportunidade de obter informações concretas. Seria preferível um torturador ou testemunha falando a verdade reservadamente, com garantia de anonimato e, sim, de impunidade, que o silêncio eterno.
Assim como na delação premiada no caso da Petrobrás, a garantia da aplicação da Lei da Anistia seria fundamental para que a verdade viesse à tona. Mas algumas das sessões públicas não passaram de homenagens às vítimas da ditadura. Homenagens justas. Mas fora de hora e desperdício de tempo e energia para quem já tinha um prazo e condições desfavoráveis para realização de tão importante tarefa.
O que interessa mesmo às famílias de mortos e desaparecidos continua na mesma. E vai continuar. De agora em adiante só o acaso, como aconteceu com o aparecimento de documentos sobre a prisão de Rubens Paiva, fará com que algum caso de desaparecimento ou morte seja elucidado.