PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Memória, gente e lugares

Futuro da música: shows reais dentro de casa

Foto do author Edmundo Leite
Por Edmundo Leite
Atualização:


O Guilherme Werneck, um dos caras mais antenados e ligados no porvir que conheço, me pediu para que escrevesse um texto para a série sobre o futuro do negócio da música que está sendo publicada no blog dele.

Difícil, sobretudo para quem está mais acostumado a olhar para o passado. Mas foi divertido imaginar algumas coisas. Principalmente o aparelhinho da Apple que projetará imagens reais de shows, com os artistas quase se materializando na sala de casa ou qualquer outro ambiente.

Leia a íntegra abaixo e os textos de outros convidados do Guilherme para a série.

2017: Jobs assombra o mundo com projeção realística de show.  Foto: Montagem/Apples

O futuro do negócio de música

PUBLICIDADE

O Guilherme Werneck pediu para eu escrever um texto sobre o futuro da indústria da música. Como não tenho muito a dizer, a não ser que acho que o mercado sempre encontrará uma solução para levar (e faturar) a criação daqueles que sabem fazer música para aqueles que só podem ouvir, me resta o charlatanismo e a gaiatice em meio a exercícios de imaginação e alguma pitada de sonho.

2011 - Tablets se consolidam como a nova plataforma para divulgação de música. Lady Gaga faz a premiére do novo clipe num novo aplicativo do Ipad

Publicidade

2012 - Google anuncia a compra de uma das antigas gravadoras majors e começa a investir na produção musical

2013 - Pelanza deixa o Restart e surpreende com um disco solo elogiado pela crítica e sucesso de público, dando inicio a uma trilogia de lançamentos bienais que vai até 2017. Antigos fãs pedem músicas da fase Restart, que aparecerão em novas versões em raríssimas apresentações.

Explodem as vendas de caixas temáticas - a preço acessíveis - com fotos em papel especial, reprodução de ingressos de shows históricos, pôsters e memorabilia de artistas. A música dessas caixas especiais virá em pendrives e minicards multiplataformas compatíveis com tablets, aparelhos de som antigos e senhas de acesso para baixar a música.

2014 - Em meio às festas da Copa do Mundo no Brasil, o mundo descobre um músico egresso e dissidente do Olodum que dá os primeiros passos rumo ao tecnotropicalismo. Google o contrata no seu primeiro acordo milionário com um novo artista.

2015 - A ilusão de que o disco de vinil seria a salvação da indústria da música estará definitivamente perdida. Matérias nos sites e jornais anunciam mais uma vez, anos depois da primeira morte, a última fábrica de vinil a fechar as portas. Um grupo de saudosistas unirá forças para manter a produção artesanal, que durará até 2017

Publicidade

2016 - Maria Rita vende 300 mil cópias, ainda no antigo formato CD, de “Maria Rita canta Raul”, com reinterpretações de lados B do roqueiro baiano. Executivos dizem que o CD é o futuro da indústria da música no Brasil.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

2017 - Apple anuncia que fará a apresentação de um novo produto, desenvolvido secretamente nos últimos anos. No dia do anúncio, cinqüentenário exato do lançamento do Sgt Peppers, a empresa de Steve Jobs choca o mundo ao mostrar uma apresentação real dos quatro Beatles de 1967 tocando todas as faixas do álbum ao vivo, na íntegra, num palco virtual criado a partir de projeções holográficas dos integrantes emitidas do novo minitablet da companhia. Uma fã sofre um ataque cardíaco no Brasil quando vê pelo velotube Paul McCartney real e seu avatar de 1967 fazerem um dueto no final do show.

2018 - Google já controla mais duas antigas majors, uma delas adquirindo o espólio da falência e outra numa oferta hostil anunciada ao mercado. Empresa começa a ação de aquisição de editoras musicais pelo mundo.

2019 - O artista brasileiro descoberto na Copa de 2014 anuncia o rompimento com parceiros de composição e decreta o fim do tecnotropicalismo.

A tecnologia de projeção holográficas de shows lançada pela Apple estará popularizada, com todos podendo assistir a um show do ídolo na sala de casa ou num salão de bar. O projetor calcula as dimensões do ambiente para o artista se movimentar pelo espaço e interagir com o local.

Publicidade

Microsoft lança a sua versão com o karaokê-mode, com a qual o usuário pode fazer duetos, participar do coro e tocar instrumentos, como no atual guitar-hero.

As duas empresas partem para cima de hackers que projetam as apresentações sem autorização e pagamento no código aberto do Google Street View. Para achar as apresentações, basta cruzar o endereço certo com o nome do artista, tornando quase impossível o rastreamento prévio dos shows, que mesmo sem a qualidade do projetor doméstico fazem sucesso no site de mapas.

2020 - O ano em que faremos contato. A nave do consórcio russo-americano que partiu um ano antes da Terra chega a Marte com cinco meses de atraso. Cientistas da Nasa mostram um vídeo do momento em que o jipe-robô teleguiado com o logo do Google Music na carcaça encontra um pequeno monolito, do tamanho de um iPad, que emite sons numa freqüência inaudível aos ouvidos humanos.

2021 - Quase octagenários, Paul McCartney e Keith Richards lançam disco de blues com faixas compostas em conjunto durante uma visita do guitarrista do Stone a sua mansão. O sucesso da parceria dos velhinhos faz crescerem as especulações de que uma jam session com músicas obscuras do primórdio do rock’n’ roll reunindo Mick Jagger e Ringo Starr estaria em produção.

Após meses de desmentidos, surge o álbum “Mick & Ringo”. O New York Times, revela na sua versão web mezzo paga mezzo free - a versão impressa continua - que o projeto foi arquitetado pelos Beatles e Stones em troca de mensagens públicas pelo newtwitter onde se identificavam com os nomes reais, à vista de milhões de fãs que não perceberam as conversas.

Publicidade

2022 - OMC subscreve, após anos de negociação com Google, Microsoft, Apple e uma nova empresa surgida na web em 2017, um novo marco do direito autoral.

2023 - Nascido em 2000, o artista X lança seu primeiro single e domina as paradas mundiais, aferidas e debitadas por controle remoto a partir dos tocadores múltiplos. Usando a nova freqüência descoberta em Marte, X revoluciona o modo de produzir e ouvir música, com pequenos sensores que convertem o sinal emitido em som como conhecemos hoje, mesclado com a projeção de imagens. As primeiras imagens lembram o visual lisérgico dos anos 60, mas em meses a tecnologia terá evoluído para projeções realísticas de imagens de sons.

2025 - Com a música da nova freqüência descoberta em Marte, uma nova escala de notas musicais é decifrada. A descoberta permite tirar novos sons de antigos instrumentos. O resultado provoca o surgimento de novas escalas melódicas de antigas músicas e torna impossível aferir a autenticidade de uma criação musical feita a partir de uma antiga canção.

Simultaneamente, é criado o novo sistema de cobrança automática, pois só é possível escutar a música, pagando, nos novos aparelhos que entendem a freqüência extraterrestre. Piratas trabalham uma maneira de tentar burlar a restrição freqüencial e converter a música ao som normal.

X lança aquele que será considerado o seu mais emblemático trabalho e influenciará uma geração de novos músicos. Sites tentam fabricar clones biológicos de X e de suas músicas usando freqüências distorcidas do som criado por ele. A nova tecnologia permite que surdos escutem músicas através de pequenos implantes que estimulam neurônios no cérebro.

Publicidade

2030 - Surge o zajjfusion.

2042 - Aos 100 anos, morre no Brasil o último tropicalista.

2055 - Numa cidade do interior em algum lugar do mundo, um moleque de 14 anos descobre os primeiros acordes num violão e dá os primeiros passos na música. Com um amigo de 15 que toca um moderno instrumento eletrônico de sopro cria uma nova batida que em alguns anos explodirá nos ouvidos de uma nova geração através dos sinais que ele emitira de seu transmissor portátil de música.

Seus seguidores num serviço de tiks espalham cada lançamento, remunerando o próprio autor em sua conta corrente individual a cada reprodução. Faixas “ao vivo real”, capatadas no momento em que o artista se apresenta, serão mais caras. Faixas já escutadas, gravadas antes ou compartilhadas serão gratuitas ou vendidas em baciões virtuais a US$ 0.0001.

2100 - ????

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.