Antes repórter do caderno de Cidades (atual Metrópole), a cobertura foi a primeira para a editoria de internacional. A visita rendeu um premiado caderno especial que quebrou vários esteriótipos sobre a vida em um dos países mais fechados do mundo. "Fui esperando encontrar uma sociedade opressora com as mulheres e quando chego no aeroporto, vejo me esperando uma jovem de calça jeans, camiseta rosa e sandália, usando um véu que não cobria quase nada. Fomos ouvindo funk iraniano no caminho e eu percebi que, claro, tem mulher religiosa, mas tem meninas que vivem de forma muito semelhante à nossa", disse, divertindo a plateia.
Depois do Irã, ela tomou gosto. Viajou para o Afeganistão logo em seguida. A ideia: recontar os efeitos da guerra com os Estados Unidos sob a ótica local. "A gente conhece só a perspectiva norte-americana, sobre os efeitos disso na vida de onze pessoas ao longo de dez anos. Foi o que originou 'O Afeganistão depois do Talibã".
Literatura infantil
Em 2012, o convite. Depois do atentado da agora ganhadora do prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, a repórter foi convidada pela editora Companhia das Letras para escrever um livro sobre o Paquistão. Inicialmente, a ideia era fazer uma grande reportagem sobre o assunto, mas a pauta sofreu uma reviravolta ao chegar no local. "Percebi que era uma história de inspiração muito forte para as crianças. De amor à educação, aos livros. Decidi escrever um infantil", confessou. O livro, "Malala, a menina que queria ir para a escola", entrou para a lista de mais vendidos da Revista Veja e já é adotado em várias escolas do país.
"Cerca de 2 mil mulheres sofreram atentados iguais ou semelhantes ao da Malala naquele ano, mas ela teve coragem de falar. Eu, como jornalista, tive o privilégio de poder documentar isso. O mais bonito da profissão é se deixar mudar. Então agradeço muito às dezenas de sírios, paquistaneses, iranianos, congoleses e haitianos que me fizeram ser quem eu sou hoje, com cada pedaço de suas histórias confiado a mim", finalizou.