Redação
10 de junho de 2015 | 19h54
Flavia Alemi e Guilherme Simão
Dar voz às minorias é uma das formas encontradas pelo site Amazônia Real para fazer uma cobertura menos estereotipada sobre a região. Segundo a jornalista Elaíze Farias, uma das fundadoras da agência de jornalismo independente, é preciso apostar em reportagens aprofundadas que abordem os principais problemas enfrentados pelos habitantes daquele território. O tema foi discutido durante o segundo dia da 3ª Semana Estado de Jornalismo Ambiental, realizada na sede do jornal O Estado de S. Paulo.
“Os grupos socialmente vulneráveis, como indígenas, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas e pequenos agricultores são o foco das nossas reportagens. Precisamos ouvir essas pessoas”, explica Elaíze. Para a jornalista, os maiores problemas da região amazônica não podem ser analisados separadamente. “O desmatamento, por exemplo, não está sozinho, mas sim ligado a outras questões políticas, econômicas e socioambientais, como conflitos fundiários e poluição”, diz.
Criada em outubro de 2013, a agência Amazônia Real tem o desafio de levantar temas pouco abordados pela grande imprensa com uma verba limitada vinda de um apoio financeiro da Fundação Ford. “Durante o primeiro ano, pagamos os deslocamentos, viagens e contas telefônicas com nossas finanças pessoais e ajuda de amigos”, relata. A jornalista também destaca as dificuldades de logística da cobertura na Amazônia, como a falta de sinais de telefonia e de internet e a necessidade de percorrer longas distâncias – inclusive trajetos de barco – para entrevistar as fontes das reportagens.
Dados do desmatamento
Outro problema enfrentado pelos jornalistas especializados em meio ambiente é o acesso aos dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o tecnologista do Instituto, Luis Eduardo Maurano, há uma grande dificuldade de explicar os dados sobre o desmatamento da floresta amazônica monitorados por satélite. “O desafio é saber quanto do desmatamento foi autorizado pelo governo”, afirma Maurano.
Ele considera que houve uma evolução na cobertura jornalística sobre o tema devido ao empenho de repórteres especializados em meio ambiente e à crescente preocupação com os impactos da degradação ambiental. “É natural que os problemas gerem mais repercussão na imprensa do que os avanços no combate desmatamento”.
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