Na minha opinião, que não é a do blog, o futuro do impresso está no jornalismo interpretativo. As redações da rádio, tevê, jornal e online recebem o aviso bombástico da notícia praticamente ao mesmo tempo. Enquanto o jornal continuar se perguntando "O que? Quando? Onde? Como? Por quê?", vai enfrentar três imensos concorrentes. O "quente" já terá sido narrado, apresentado e lido pelo seu leitor, que continuaremos crendo que só lê jornal. E se, quando o fato aparecer na redação, o jornal se perguntar, por exemplo, "no que isso vai dar?"
O hard continuará a existir, em menor espaço, como contexto, e vai ser responsabilidade daqueles que, agora, vão ser seus três grandes parceiros. Nesse cenário, as grandes empresas de mídia levam uma vantagem que, para mim, desperdiçam. Hoje, quantos jornalistas que saem para cobrir uma pauta sabem quem é o colega que vai fazer a matéria para o rádio, o que vai fazer a matéria para a tevê e o que vai fazer a matéria para o online? Há integração nos trabalhos? Ou é apenas colaboração eventual? Enquanto cada mídia trabalhar de forma independente e fizer as mesmas perguntas, vai conseguir respostas idênticas, publicadas em horários desiguais: o "déjà li".
Thiago Santaella, de 24 anos, é formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)