Por Pedro Prata
As redes sociais e a tecnologia se destacam nestas eleições pelo seu potencial em enganar os cidadãos e espalhar notícias falsas. Contudo, é notório que elas também possuem um potencial positivo, e a diferença está no uso que fazemos delas.
"Os absurdos nas contas públicas aconteceram sempre, mas hoje conseguimos identificá-los", disse Gil Castello Branco, fundador da Contas Abertas, no painel Desafios da eleição da Semana Estado de Jornalismo.
A entidade criada por ele fomenta a transparência, o acesso à informação e o controle social. "As informações ainda são um pouco áridas no Brasil. Ainda falta muito pra chegar onde queremos, mas estamos avançando", disse.
Entre as pautas que a Contas Abertas já produziu, destaca-se a comparação entre o valor investido em 2018 na manutenção do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o salário recebido pelo reitor da universidade no mesmo período. A soma recebida por ele foi maior do que a recebida pela instituição.
Castello Branco ainda deu alguns bons exemplos de projetos que promovem a transparência dos dados públicos: Detector de Ficha de Político, Vigie Aqui, Ranking dos Políticos, Capital dos Candidatos e Unidos Contra a Corrupção.
O coordenador multimídia da TV Estadão, Everton Oliveira, falou sobre a importância das redes sociais para a cobertura das campanhas presidenciais. "A diferença dessa campanha para todas as outras que cobri está no uso das redes sociais. Isso traz transparência, as pessoas ficam mais próximas da realidade dos candidatos".
Ele compartilhou detalhes sobre o projeto Carrapatos, iniciativa que colocou cinco repórteres ex-focas na 'cola' dos principais candidatos à Presidência da República: "Nossa ideia era buscar um público jovem com vídeos mais inusitados e bem-humorados, que são publicados no IGTV do Instagram e no YouTube".
Três dos 'carrapatos' (Matheus Prado, Gabriel Wainer e Augusto Decker) compartilharam um pouco da experiência de cobertura durante estas eleições. Para Gabriel Wainer, 'carrapato' de Ciro Gomes, a proximidade com os candidatos não pode tirar a imparcialidade da cobertura jornalística.
"Quando nós somos xingados pela militância e também pelos adversários, é sinal de que estamos no caminho certo", disse Wainer. "Precisamos buscar o fato acima de tudo".