Chegamos pouco depois das 19 horas, para um evento marcado para começar às 21. "Vocês podem ficar aqui fora, no hall e na sala de imprensa", indica o segurança. "E sentar na plateia, a gente pode?", perguntamos. "Não, a credencial de vocês não permite esse acesso." Plateia, só para os convidados. Foi o que descobrimos. Íamos dividir o espaço com jornalistas de vários veículos.
Passamos a sondar o nosso campo de ação. À frente, a tal sala de imprensa, com divisórias e uma bancada de madeira. No lado esquerdo, a sala VIP, para convidados e assessores dos candidatos. Os personagens principais do cenário chegam, não param para falar com a imprensa e seguem para um espaço reservado atrás do palco.
A cobertura dos bastidores
Começamos a planejar nossa estratégia de cobertura. Primeiro passo: entrevistar os profissionais que estavam na produção ou iriam participar do debate. Conversamos com os jornalistas Bruno Paes Manso e Julia Duailibi, ambos do Estadão. A dupla ficou responsável por perguntas direcionadas aos candidatos no terceiro bloco. Conseguir arrancar uma resposta que fugisse do óbvio era o principal objetivo deles. "A ideia é tirar uma reflexão que saia do discurso do marqueteiro", afirmou Manso.
Alguns minutos depois, surgiu no hall o mediador do debate, Mario Sergio Conti, da TV Cultura, que compartilhava a preocupação dos colegas. "Os debates vêm ficando cada vez mais engessados, com assessores treinando os candidatos." Outra esperança de conseguir algum diálogo mais interessante estava depositada na participação dos internautas - o primeiro bloco inteiro seria dedicado às perguntas gravadas em vídeo pelo público. "É a possibilidade de explorarmos a ampliação do acesso ao debate. A internet tem a capacidade de ajudar o exercício da cidadania", explicou presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho. Quem nos apresentou a ele? Bem, temos de falar que foi o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.
Kassab, o atual prefeito
Fomos conversar com o diretor de Conteúdo do YouTube, Álvaro Paes de Barros, também envolvido na promoção do debate. "Um eleitor melhor informado tende a tomar uma melhor decisão na hora de votar." Olhamos para o lado. E lá estava ele, o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Não tivemos dúvida. Seguimos em frente. Kassab contou que todos os políticos costumam ficar muito nervosos durante os debates. "É o momento no qual o candidato mais se expõe, onde ele é mais testado."
Mais um golpe de sorte. Como nem todos os lugares haviam sido ocupados pelos convidados, os jornalistas puderam ficar na plateia. Todos com seus computadores, prontos a registrar o debate minuto a minuto. Quem disse que jornalista não precisa de sorte? "Atenção estúdio, 30 segundos". Vai começar.
Tensão e risos
Enquanto no palco alguns candidatos disparavam contra seus rivais, os fotógrafos faziam o mesmo na parte superior do auditório. Vez por outra, eram ouvidos gritos de aprovação ou protestos, além de risadas após as tiradas mais espirituosas. Os intervalos eram sinônimos de corre-corre. Água, um biscoito no bufê, mais alguma entrevista de bastidor. "Três minutos", grita uma produtora. Os assessores já estão com os candidatos há um bom tempo. Certamente discutem o desempenho até ali e planejam as próximas ações. Muitos ainda estão de pé na plateia. "Por favor, vamos entrar em trinta segundos, voltem imediatamente para seus lugares", brada o diretor. "ENTRAMOS EM DEZ, NOVE, OITO...". Correria.
Na plateia, alguns achavam que o debate havia sido longo demais. Outros avaliavam a participação dos seus favoritos. O fato é que o evento tinha chegado ao fim. Mas não o trabalho dos jornalistas, dos cientistas políticos, dos comentaristas... Eles ainda tinham de produzir reportagens, de tentar explicar aquele capítulo da disputa de 2012 para a Prefeitura de São Paulo. Capítulo do qual nós, os focas Auber e Thiago, fizemos parte.