Guilherme Döring: Aproximação do leitor, inteligência artificial e dados são o futuro do jornalismo

Por Roberta Vassallo

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Atualização:

Investimento em inteligência artificial que ajude a compreender o leitor e o jornalismo associado à programação para lidar com dados são direções a que a mídia brasileira deve avançar para se atualizar e se tornar mais sustentável nos próximos anos, de acordo com Guilherme Döring, presidente executivo do Grupo Paraná de Comunicação, que controla o jornal Gazeta do Povo. O executivo, que traça o futuro do jornal que se tornou exclusivamente digital em 2017, aponta que os veículos devem, cada vez mais, aproximar-se do público e utilizar inteligência para melhorar o alcance e a relevância do conteúdo.

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Uma das estratégias utilizadas pelo jornal em sua nova era digital é a experimentação. "Hoje, por exemplo, fazemos testes com os títulos de publicações. Publicamos títulos diferentes para uma mesma matéria e vemos qual dá melhor resposta." O jornal acompanha também o percentual de leitores que estão dispostos a pagar por informação digital. "O foco no leitor, no assinante, é crucial", afirma.

O presidente do grupo deu palestra no terceiro dia da Semana Estado de Jornalismo 2018 sobre o futuro do jornalismo e as soluções para a sua sustentabilidade e apresentou o modelo que o jornal que comanda segue para se renovar

A Gazeta do Povo extinguiu sua versão impressa e embarcou em um projeto de inovação digital há um ano e três meses para concentrar-se no produto jornalístico do modelo que indica ser o futuro da área, o de assinaturas digitais. De acordo com Döring, o jornalismo precisa tornar-se capaz de se equilibrar para se sustentar sozinho financeiramente. "Com a dedicação apenas à plataforma digital é possível aumentar o número de inovações exponencialmente. Se tivéssemos ainda as outras plataformas seria difícil fazer as mudanças no ritmo em que estamos conseguindo fazer", destaca.

Guilherme Döring na Semana Estado de Jornalismo. Foto: Estadão

A mídia brasileira deve atentar-se, além da experiência do leitor, à utilização da inteligência artificial para lidar com bases de dados de maneira consistente, foco do jornalismo internacional hoje, vastamente utilizada por veículos de alcance mundial, como The Washington Post e The Guardian.

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Leitor ativo

A participação do leitor na mídia é algo que deve ter cada vez mais espaço, de acordo com Döring. A abertura para comentários que estimulam debates qualificados é positiva para o jornalismo. "Comentários podem ser um pesadelo em períodos de polarização, o que levou alguns jornais a inclusive fecharem as áreas para comentários, mas é importante dar importância aos que qualificam o debate, como faz a revista The Economist." Para tal, a inteligência digital é a solução, segundo o executivo. "Às vezes inclusive pessoas de grande peso e especialistas intervêm e acaba sendo um conteúdo relevante para o próprio assinante."