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O dia a dia dos alunos Curso Estado de Jornalismo

Meus amigos focas

Queria falar sobre jornalismo neste post, como fiz em todos os anteriores, mas não consigo. Do meu lado está Frederico Silva, que viaja em pé. "Quero olhar a Marginal", diz ele, meio torto. Enquanto isso, uma piada qualquer é dita no fundo do ônibus (teria sido o Tiago?) e provoca uma onda de risadas, puxada por Daniela. Também há uma conversa animada perto de Paula, que chacoalha um jornal tentando ler as letras miúdas. Não consigo parar de observá-los. A caminho de nossa última viagem, para Buenos Aires, já começo a sentir saudades.

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Por Redação
Atualização:

Agora que o curso está acabando, fica ainda mais claro como cada um, com seu jeito e sua mania, tornaram os últimos três meses mais agradáveis. Sim, porque "abandonar" o conforto da cidade de origem, a família, o emprego e chegar a um lugar absurdamente grande e desconhecido como São Paulo não é pra qualquer um.

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O nosso caso é ainda mais peculiar, pois toda nossa rotina é dedicada ao curso. Eu, por exemplo, saio por volta das 8h de casa e costumo voltar só 15 horas depois. Restava conviver com eles só o tempo todo, do bom dia a barzinho no fim do expediente. Até chegaram a falar, entre uma cerveja e outra, que viramos uma família. Concordei no ato.

Na semana passada, eu e essas 29 figuras assistimos a uma palestra sobre gestão de carreira, o que inspirou uma brincadeira. Cada um era alvo de um exercício de futurologia em relação a seu futuro profissional. Os cargos eram vários. Colaborador de revistas "da esquerda", editor frustrado da grande mídia, repórter cultural, assessor de imprensa de museu (!), rei de Curitiba (gostei) e outros.

Brincadeiras à parte, temos a certeza que cada um vai seguir um caminho de sucesso. Ao misturar um pouco de inconsequência juvenil com o talento profissional que já demonstram ter, além de exibir humildade, respeito e profundo companheirismo, eles me conquistaram plenamente. O que me deixa um tanto cabisbaixo é saber que cada um vai trilhar um rumo diferente. Aos poucos, vamos ficar cada vez mais desconectados. Sabemos que aquela sala gargalhante com os 30 focas de 2010 não voltará a existir. Mas fico feliz em ter a certeza que todos se darão muito bem, independente do que acontecer. No futuro, quando eu ler a assinatura de uma grande reportagem de sucesso por aí e lembrar do antigo foca da 21ª turma, apontarei o dedo e direi a quem estiver mais perto: 'Olha, é meu amigo!'

Fábio Pupo, de 21 anos, é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Foto: Estadão
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