Muitos teóricos do jornalismo defendem que o furo, a informação dada em primeira mão por um jornal, só é notado pelos jornalistas - e não por seus leitores.
Isso porque, mesmo que um veículo impresso publique uma notícia bombástica e exclusiva sobre um determinado assunto, rádios e tevês repercutirão o fato e até buscarão novas informações sobre ele ao longo do dia. No fim das contas, quem publicou o furo não seria, segundo esses autores, lembrado pelo público. Será?
No mês passado, o portal do Estadão bateu seu recorde de acessos. Segundo a equipe de conteúdo digital, a cobertura das eleições ajudou a atrair grande parte dos 112 milhões de cliques. O que o furo tem a ver com o recorde? Eu aposto, entre outros motivos, nos infográficos do Estadão - que, graças a um pequeno segredo, são publicados detalhadamente e antes da concorrência.
O infografista Rubens Paiva revela o truque: um software desenvolvido no jornal permite que planilhas cheias de número automaticamente virem um mapa. Assim, todos os municípios do Brasil puderam ficar, já no domingo, em vermelho ou azul - dependendo da quantidade de votos da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) ou do candidato derrotado José Serra (PSDB). O infográfico é só um exemplo, mas materiais exclusivos (como análises e entrevistas) exibidos em todo o mês de outubro contribuíram para o recorde.
Dar ao leitor, em primeira mão, uma informação que nenhum outro veículo foi atrás. Se o leitor valoriza ou não esse caráter exclusivo, não dá pra saber exatamente. Mas o fato de o Estadão ter sido o jornal diário mais retuitado no migre.me durante o mês pode ser uma pista.