Em conversas informais, jornalistas como Cecília Thompson, Alberto Tamer e Márcia Glogowski recontaram suas histórias por meio de casos do cotidiano e de coberturas que consideraram marcantes. Claro que cada um revelou impressões diferentes sobre as potencialidades e limitações da profissão, mas todos demonstraram manter com ela uma relação quase passional.
Para a doce Cecília, os anos de chumbo carregaram os sonhos de uma geração inteira, mas foram incapazes de apagar sua certeza de que o jornalista pode, sim, contribuir para reduzir as mazelas do mundo. Com olhos marejados, ela reiterou algumas vezes que fizemos a escolha certa e que, se ela pudesse escolher, morreria dentro de uma redação.
Márcia Glogowski enfrentou mais desilusões na vida profissional. O que a fez optar pelo jornalismo foi o mesmo desejo incontrolável de mudar o mundo, mas essa ilusão ficou perdida em algum momento de sua carreira. "Querem a verdade? Isso não é possível." Funcionária do Grupo Estado por 30 anos, ela se cansou da rotina frenética do hard news e trabalha hoje em uma assessoria de imprensa. Mas, ainda assim, não resiste aos encantos da atividade: "O jornalismo não é uma profissão, é um vício."
O diálogo que Tamer teve com sua mulher assim que chegou em casa após a conversa conosco (enviado por e-mail), confirma a força que o jornalismo preserva de deixar saudades.
- Como foi a conversa com os focas? - Foi ótima, parece que nos comunicamos bem. E ela, que o conhece há 53 anos, acrescentou:
- E por que você está com essa cara? - Porque me levou de volta ao passado, e o passado não existe - Não acrescentei para não atormentá-la, mas todo passado é triste. Os velhos vivem como asilados no presente.
Mesmo entre os focas que não acreditam na função social do jornalismo, os depoimentos comoveram. É como se aquela ideia de magia - refutada pelos mais realistas - ganhasse legitimidade na voz dos experientes.