No último fim de semana, ao parar em frente a uma banca de jornal, lembrei desse aprendizado. Vi diversas capas de revistas sobre a lamentável situação de violência no Rio de Janeiro. Sou natural do Estado do Rio, e as notícias sobre lá me comovem. Mas comovem também aos meus amigos focas de outras Regiões. As notícias sobre a violência no Rio, assim como as histórias dos personagens do suplemento, são dramáticas por si só.
Entretanto, o que se vê na banca de jornal é um drama sobre o drama. Capas com fotos que parecem pertencer a um filme de guerra e até uma montagem do Cristo Redentor com balas e colete do Bope. E se o Cristo não estivesse de braços abertos, é provável que ele estaria também pegando em armas. As manchetes falam sempre de uma luta do bem contra o mal, como se a realidade tivesse o maniqueísmo de um conto de fadas.
O fundamental para o jornalismo em um momento desses é informar. Contar uma situação dramática da forma como ela é, sem pintá-la com cores ainda mais fortes. Informar de forma fiel, sem gerar sensacionalismo com os fatos, é sinal de compromisso com o leitor e respeito ao objeto retratado.