Alguns colegas já falaram aqui neste espaço sobre os três verbos que norteiam a apuração: mirar, escuchar e pensar. Mas a tecla mais reforçada por Paco foi a de que o jornalista deve ser, sobretudo, um leitor. Mas não um simples leitor. "Ele deve ler pelo menos um metro de livros (empilhados na horizontal!) por ano e mais de dois jornais por dia." Só assim, segundo ele, poderemos nos inteirar bem da cultura na qual estamos inseridos para poder nos comunicar dentro dela.
A segunda dica para se escrever bons textos: escrever. Quanto? Pelo menos duas mil palavras por dia, em um exercício que Paco chamou de insistência. A inspiração existe, mas ela é uma descendente direta da transpiração. Ser familiar às palavras - ao DNA das palavras, na língua do Paco - é condição fundamental para utilizá-las bem. A apuração também é etapa fundamental do processo de escrita. "Temos de escrever apenas 10% de tudo o que apuramos", ensinou Paco. Caso contrário, não saberemos o suficiente sobre o que vamos reportar.
Além dessas dicas práticas, Paco reforçou duas características indispensáveis para bom jornalista. Essas, mais difíceis de serem ensinadas: a humildade e o interesse pela natureza humana. Mergulhar no universo do outro - e abrir mão temporariamente dos próprios valores - é tarefa dura, mas sem a qual não se tem uma grande apuração.