Uma chacina na zona norte de São Paulo foi a primeiro pauta na qual o catarinense Vitor Hugo Brandalise, 31, escreveu para o caderno "Metrópole", em 2008. Apesar da dureza da pauta - encontrar e entrevistar sobreviventes de um assassinato em massa - o ex-foca da turma de 2007 parece ter se acostumado a tratar das mais sensíveis dimensões humanas.
Sete anos depois, o jornalista do caderno "Aliás" do Estadão é um dos palestrantes da Semana Estado de Jornalismo, falando sobre aquilo que mais acredita: o poder de uma boa narrativa "A boa notícia é aquela que é bem-feita, bem apurada, com o máximo de informação possível e que, depois de que você tenha essa informação, que você possa ter tempo de escrever da forma como o leitor merece", analisa.
Vitor é um defensor do chamado "slow journalism" - narrativas mais longas, detalhadas e profundas - e sua série de reportagens mais recente, a aclamada "Sobre a Sede", publicada em três partes pelo Estado e em sete atos pelo site Brio, conta a história da tentativa de suicídio envolvendo um casal de idosos.
Com a paciência inspirada em um dos seus grandes ídolos (o americano Joseph Mitchell), Brandalise transformou a vida dos Golla em 75 páginas, "do tamanho de um livro".
Mesmo enfrentando algumas resistências por parte de alguns personagens, a aprovação sobre sua "Eu fiz a pergunta ao sr. Nelson [um dos dois protagonistas da história]: o senhor gostou?"
E resposta, recebida por ele, resume a alegria que todo jornalista gostaria de receber, mesmo em temas tão profundos: "E ele me respondeu: rapaz, chorei o tempo todo. Mas né, são os fatos".