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Em briga com empresas de ônibus, prefeito de Maricá é agredido

Município passou a oferecer transporte gratuito, mas empresas reclamam na Justiça. Agressão ocorreu durante fiscalização.

Por Fabio Grellet
Atualização:

Em meio a uma briga com as duas empresas de ônibus responsáveis pelo transporte coletivo em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, o prefeito Washington Quaquá (PT) foi agredido nesta quarta-feira (29) por um homem, enquanto concedia entrevista a uma emissora de TV, durante uma operação de fiscalização de coletivos. Ele sofreu apenas um corte no nariz e escoriações no braço esquerdo. O prefeito foi atendido no local por bombeiros e liberado. Também atingido, o câmera Marcelo Cristian Araújo de Andrade, de 38 anos, sofreu uma contusão no tórax causada e foi encaminhado ao Hospital Municipal Conde Modesto Leal, onde fez exame de raio-x e foi medicado. O agressor foi preso. Antônio Pedro Barcello Ribeiro, de 20 anos, morador do bairro Pedreiras, já tinha passagens por tráfico, estupro e roubo.

 

Prefeito é atendido por bombeiro: escoriações no braço e corte no nariz ( Foto: Divulgação)

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Para Quaquá, a agressão tem a ver com as mudanças que a prefeitura implantou no sistema de transportes, contrariando o interesse das empresas de ônibus. "O que estamos fazendo no transporte desperta a ira de um setor econômico da cidade. Não tenho dúvida que essa agressão vem daí, vem da fiscalização que estamos operando, do transporte gratuito para o povo", afirmou. "Não há direito neste país que seja conquistado sem reação da outra parte, dos que lucram com a desgraça do povo. Não tenho dúvida que é uma reação deste setor."

 

A polêmica. Desde dezembro passado a Prefeitura de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, oferece ônibus gratuitos para o transporte municipal, por meio da frota de 13 veículos da Empresa Pública de Transportes (EPT). As empresas que atendem o município continuam circulando, e, representadas pelo Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), entraram na Justiça pedindo que os ônibus gratuitos sejam proibidos de circular, pois caracterizam concorrência desleal e causaram desequilíbrio financeiro às viações. Segundo o sindicato, a prefeitura não comprovou que o serviço prestado pelas empresas é ruim, o que justificaria a substituição.

 

O desembargador Pedro Raguenet, da 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), decidiu proibir a circulação dos ônibus gratuitos, mas a prefeitura manteve o serviço. Por isso, a juíza Luciana Estiges Toledo, da 1ª Vara Cível de Maricá, estipulou multa diária de R$ 20 mil caso os ônibus continuassem circulando - R$ 10 mil para a prefeitura e R$ 10 mil para a EPT.

 

O prefeito recorreu da decisão nesta terça-feira (28) e decidiu manter os ônibus em circulação. Quaquá alega que as empresas não oferecem transporte após as 23 horas nem atendem determinados bairros onde a demanda de passageiros é pequena. Além disso, acusa as viações de prestarem atendimento ruim. "Decidi isso (manter os ônibus gratuitos) devido ao péssimo serviço prestado pelas concessionarias, inclusive com evidente sobrepreço cobrado por anos e anos nas passagens, conforme demonstram nossas planilhas", diz Quaquá.

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Enquanto a discussão judicial se prolonga, a Prefeitura de Maricá tem promovido fiscalizações dos coletivos das empresas concessionárias. Nesta quarta-feira (29), até o momento em que o prefeito foi agredido, os fiscais da EPT já haviam autuado ou apreendido 14 ônibus das duas empresas que operam na cidade, devido a irregularidades. O prefeito determinou que a fiscalização seja intensificada. "Nosso objetivo é mostrar que essas empresas não cumprem o contrato de concessão. A população viaja em veículos que não oferecem segurança, e as empresas querem trabalhar apenas nos horários de maior movimento. Por isso vamos cassar todas as concessões e estabelecer todo o transporte público gratuito", afirmou.

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