Começou como quase sempre começa, com alguém gritando "pega ele, pega ele". As pessoas no entorno da rua pararam, e só quem corria era um grupo de cinco ou seis garotos. Início de noite de quarta-feira, e mais um arrastão acontecia na avenida Rio Branco, no centro do Rio.
A diferença é que, desta vez, pegaram um deles. Um dos menores. Enquanto o grupo correu para um lado, o menino se assustou quando apareceu uma viatura da Guarda Municipal e atravessou a avenida com o olhar fixo na caminhonete. Nisso, o segurança de um edifício saiu e o agarrou.
O menino era franzino, não devia ter dez anos. Mas tinha uma faca.
Experiente e bem mais forte, o segurança conseguiu segurá-lo até a chegada de um agente municipal. O menino se debatia, mas não largava a faca.
Enquanto isso, muitas pessoas se aglomeravam no entorno. Os ônibus urbanos pararam. O motorista de um deles comentou com alguém que "direitos humanos é o cascalho", mas desconfio que eu tenha trocado algumas letras.
Já um homem que acompanhou toda a cena preferiu comentar diretamente com o menino, que a essa altura se debatia ainda mais para não entrar na viatura: "a tua sorte é que a polícia chegou, senão...".
Nisso, chegou a vítima do roubo. "O que pegou o meu colar era o sem camisa", disse ela. Mas o sem camisa já não tinha paradeiro conhecido.
Tudo isso aconteceu por volta das 19h30, horário em que muitos estão saindo do trabalho no Centro, uma região notória por furtos e arrastões, mas que, àquele horário, poucas vezes é notória pelo policiamento.
E se roubassem mais gente?
E se mais gente fosse partidária do "a tua sorte é que a polícia chegou, senão..."?