Dentre as muitas gírias e expressões do carioca, poucas caem tão bem como chamar os motoristas dos ônibus que circulam pela cidade de piloto. Muitas vezes, cai como uma luva - ou como aquela moça que quase desabou no coletivo da linha 121 que saiu da avenida Infante Dom Henrique e entrou sobre duas rodas na Rio Branco, ano passado.
"Ô moço, o senhor acha que está transportando melancia, botijão de gás ou o quê?", indagou a coitada, enquanto tentava tirar a alça da bolsa que resvalara pelo pescoço. O piloto alegou que haviam lhe cortado a frente, e seguiu-se uma discussão de alguns segundos - tempo que o ônibus continuou sua viagem normalmente.
Teve também aquela vez que outro piloto aproveitou o sinal fechado nas proximidades da Lagoa para descer do ônibus e tirar satisfação com o motorista do carro que lhe havia dado uma buzinada mal-humorada uma quadra antes. A reclamação no meio da rua deixou o motorista injuriado. O sinal abriu, o ônibus arrancou e o carro seguiu atrás, provocativo. Novo sinal fechado, nova descida do piloto, nova discussão. Terminou com o para-brisa do ônibus quebrado. E os passageiros? Alguns desceram, outros ficaram. Todos atônitos.
Já uma colega contou que, tempos atrás, a viagem dela demorou um pouco mais que de costume porque o piloto encostou o ônibus para namorar. Ninguém deve ter entendido direito e alguns provavelmente tiveram problemas com o atraso inesperado.
Pelo menos naquela oportunidade ninguém correu riscos.
Entre melancias, botijões e para-brisas quebrados, mais amor, por favor.