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Pelo Arco do Teles, uma viagem ao passado do Rio com choro e samba

Remanescente de sobrado do Século XVIII, construção dá acesso a área de ruas calçadas de pedra e repletas de restaurantes e shows

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Por Redação
Atualização:

Por Danielle Villela

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Parece um portal capaz de transportar quem o atravessa para um passado nem tão distante assim. Quem passa pela Praça XV de Novembro, no Centro do Rio, pode até não saber que ali ao lado está uma relíquia da história carioca. O Arco do Teles se mantém incólume e segue se reinventando, desta vez como polo gastronômico e cultural, com uma profusão de novos restaurantes, bares, shows e festas noturnas.

O conjunto de estreitas ruas de paralelepípedos é o cenário ideal para o burburinho na hora do almoço ou após o trabalho, à noite. Construído no século XVIII como parte de um conjunto de sobrados, o Arco do Teles cria uma passagem entre a Praça XV e a Travessa do Comércio, que chega à Rua do Ouvidor. Parece impossível, mas o trecho de cerca de 200 metros abriga festas com até 3 mil pessoas, segundo produtores de eventos da região.

"É muito importante ocupar os espaços públicos com cultura, e o Arco do Teles é perfeito. É uma área histórica e o comércio local tem apoiado os eventos na rua, disponibilizando a estrutura de banheiros, por exemplo", disse Penna Firme, músico e produtor de dois eventos gratuitos que terão o Arco do Teles como cenário nos próximos dias. Ritmos como jazz, soul, rock, funk e hip hop embalarão as festas Diáspora (03/05) e Baile do Teles (10/05).

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Arco do Teles: remanescente do Século XVIII no Rio ( Foto: Estadão/Tasso Marcelo)

História. Para o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, o caráter de ponto de encontro da região do Arco do Teles vem desde a sua construção, como parte da residência do juiz de órfãos Antônio Teles de Menezes.

"O arco era uma técnica urbanística característica do período colonial. Um dos moradores colocou no local um oratório. Segundo tradições e lendas, a santa era muito milagrosa, e o Arco do Teles passou a ser um ponto de reunião", explica Cavalcanti.

O Arco é o que resta de um sobrado atingido por um incêndio em 1790. Na época, o imóvel já tinha deixado de ser residência dos Teles de Menezes e passado a sediar o Senado da Câmara.

Cavalcanti destaca ainda a resistência do Arco do Teles às diversas mudanças que foram ocorrendo ao longo dos anos na região. O Largo do Carmo passou a ser chamado de Praça Dom Pedro II em 1870, e, finalmente, Praça XV de Novembro, depois da Proclamação da República, em 1889.

"Era uma área de simbolismo muito forte, tendo o Arco do Teles como representante da arquitetura civil, o Convento do Carmo, da arquitetura religiosa, e Casa da Moeda e o Palácio dos Governadores como representantes da arquitetura governamental", afirma Cavalcanti.

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O historiador afirma que a região passou por um período de esvaziamento, com a transferência da capital para Brasília, em 1960, e, posteriormente, a construção do Elevado da Perimetral, recentemente demolido para as obras de revitalização da zona portuária do Rio. Desde o fim década de 1980, porém, vem se redescobrindo.

"Com o surgimento do Centro Cultural do Banco do Brasil e de outros centros de cultura, a região ganhou esse novo significado, o que também facilitou a chegada de novas lojas e restaurantes àRua do Ouvidor e na Travessa do Comércio", afirma.

Entrada do Arco: roteiro de restaurantes em ruas históricas ( Foto: Estadão/Tasso Marcelo)

Agito. Além das festas, há uma vasta programação gratuitatoda semana no Arco. Quarta-feira é dia de forró, quinta e sexta tem roda de samba, e sábado a vez é do chorinho (veja programação abaixo). Um pequeno palco é montado na Travessa do Comércio e, mesmo com chuva, uma lona mantém o evento na rua.

"Criamos um espaço para novos músicos e ajudamos a tornar a região mais segura com a ocupação da rua. A galera valoriza a importância histórica do Arco do Teles", afirmou Sérgio Mota, sócio do Espaço XV, onde ocorrem eventos pagos, mas que mantém os banheiros disponíveis para o público que frequenta as festas gratuitas.

Os amantes da música encontram mais uma opção no sobrado de número 13 da Travessa do Comércio, onde Carmen Miranda viveu entre 1925 e 1932. Ali, funcionava a pensão de Dona Maria, mãe da artista. Hoje, é o Carmen Miranda House in Club Restaurante. Funciona como restaurante de dia e clube de karaokê à noite, das 11h30 até o último cliente sair.

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Já no restaurante The Line (Travessa do Comércio, 20), a feijoada é o carro-chefe às sextas e sábados, com bufê livre por R$ 35,80. Um grupo de samba anima o almoço prolongado no fim de semana. Durante a semana, o bufê a quilo (R$48,80) oferece 27 opções de pratos quentes e 18 tipos de salada. Inaugurado em 2007, o restaurante ocupa um casarão construído em 1889.

Além dos recém-chegados, a Tabacaria Africana funciona na Praça XV desde 1846, a poucos metros do Arco do Teles. Clientes ilustres como o ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e seu chefe da guarda pessoal Gregório Fortunato (1900-1962) eram clientes assíduos.

"A Praça XV é um polo histórico, gastronômico e cultural. Me sinto honrado de ter participação na melhoria da região", disse Isaac Almeida, cuja família está à frente da loja há 90 anos.

A Tabacaria Africana é um dos últimos redutos de fumantes do Rio e também permite o consumo de bebidas, como cafés e bebidas alcoólicas, em seu interior.

"Isso propicia uma degustação mais completa ao cliente", explica Almeida. Além do fumoir (fumódromo, em francês) com 30 lugares, a loja também vende artigos para presente e de tabacaria.

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SERVIÇO:

Baile do Teles

Apresentação dos DJ´s Pajé, Murilo Erê, Erik Skratch e Radio Rua

Quando: 10/05, às 17h

Gratuito, ao ar livre, na Travessa do Comércio

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Carmen Miranda House in Club Restaurante

Travessa do Comércio, 13

Funcionamento: Segunda a sábado, das 11h30 até o último cliente

No almoço, pratos executivos individuais, para duas ou três pessoas. A feijoada completa para três pessoas sai por R$ 78 às sextas e sábados. À noite, além das tradicionais opções de caldos, petiscos, cachaças e cervejas, o cliente pode degustar o Drink Carmen Miranda, com licor de menta, licor Fogo Paulista, uma pedra de gelo e uma cereja para decorar. A dose sai por R$ 8.

Com fichas a R$ 3, o catálogo do karaokê tem cerca de 6 mil músicas de diversos ritmos.

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Festa Diáspora

Guga Pellicciotti Jazz Trio e apresentação dos DJ´s Andrei Y, Brasa, Radio Rua e Nastyman

Quando: 03/05, às 17h

Gratuito, ao ar livre, na Travessa do Comércio

 

Restaurante The Line

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Travessa do Comércio, 20

Funcionamento: Segunda a sexta, das 11h30 às 15h30, sábados das 11h às 18h

De segunda a quinta, bufê a quilo por R$ 48,80. Às sextas e sábados, feijoada por R$ 35,80 (bufê livre, por pessoa).

 

Samba de Lei

Com Fernanda Pessoa e banda

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Quando: Toda quinta-feira, a partir das 19h

Gratuito, ao ar livre, na Travessa do Comércio

 

Tabacaria Africana

Largo do Paço, 38, Praça XV

Funcionamento: Segunda a sexta, das 9h às 20h, sábados das 9h às 13h

 

Xote Coladinho

Banda Caramuela e convidados

Quando: Toda quarta-feira, a partir das 20h

Gratuito, ao ar livre, na Travessa do Comércio

 

 

 

 

 

 

 

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