Roberta Pennafort
10 de fevereiro de 2015 | 17h14
A Avenida Rio Branco chega aos 110 anos em meio a obras que estão alterando suas feições mais uma vez. O boulevard afrancesado de 1905 se consolidou, ao longo do século passado, como uma via seminal do centro, de tráfego pesado e intensa movimentação de pedestres, cenário de manifestações populares e de desfiles carnavalescos.
A partir do ano que vem, quando passa a funcionar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a Rio Branco entrará numa fase inédita, com menos ônibus e menos carros – a possibilidade de banir os veículos por completo existe, e está sendo estudada.
Abaixo, as diferentes fases da Rio Branco ao longo de sua história.
Os 1.800 metros de extensão da Avenida Central foram abertos durante a ampla reforma urbanística do prefeito Pereira Passos, que tinha como objetivo modernizar a cidade. Cerca de 600 construções coloniais foram destruídas para a construção da via. A partir daí surgiriam prédios que se tornaram ícones cariocas, como o do Museu Nacional de Belas Artes, em 1908, e o do Teatro Municipal, em 1909 (Foto: Reprodução)
O estilo arquitetônico era inspirado nos boulevards parisienses. A avenida tinha duas pistas, separadas pelos postes de iluminação ornamentados e por árvores, e as calçadas eram usadas pelos cariocas para o “footing”, o passeio coletivo para o qual a população se vestia elegantemente. As fotos da época já mostram grande quantidade de carros circulando (Foto: Augusto Malta)
Ao longo do século 20, a Rio Branco virou palco das principais manifestações populares organizadas no Rio. O percurso clássico nunca se alterou: da Igreja da Candelária, no começo da Rio Branco, à Cinelândia, em seus metros finais. Uma das maiores foi a célebre Passeata dos Cem mil, em 1968, com estudantes, trabalhadores, políticos e artistas, motivada pelo assassinato do estudante Edson Luis, de 18 anos (Foto: Reprodução)
Entre 1983 e 1984, foram vários protestos reivindicando eleições diretas para presidente da República, depois de 20 anos de ditadura militar. O ponto alto era a Cinelândia, onde líderes discursavam para a multidão em palanques. Um placar foi montado na praça para contabilizar os votos dos deputados contra e favor do restabelecimento das eleições diretas (Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo)
Os desfiles carnavalescos sempre foram uma marca da avenida desde os ranchos, na primeira metade do século 20. Os anos 2000 viram a revitalização do carnaval de rua e a Rio Branco passou a receber blocos com dezenas de milhares de pessoas, como o Bloco da Preta e o Monobloco, que se juntaram ao tradicional Cordão da Bola Preta. Fundado em 1918, é ainda o maior de todos – estima-se que participem um milhão de pessoas (Foto: Marcos Arcoverde)
Em 2013, a avenida foi tomada por grandes protestos populares, que tinham pautas diversas, como a defesa dos professores da rede pública, o repúdio ao aumento das passagens de ônibus e a corrupção nos governos estadual e federal (Foto: Fabio Motta)
No fim de 2014, foram abertos os canteiros de obras para a instalação dos trilhos do VLT, que deve começar a trafegar pelo centro do Rio no ano que vem. A Rio Branco passou a funcionar em meia-pista e os carros particulares foram vetados, a fim de aliviar o tráfego (Foto: Wilton Junior)
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