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Jornalismo de Reflexão

"Às vezes é preciso de um grande trauma para mudar. E talvez os traumas estejam chegando"

Por Morris Kachani
Atualização:
 

O que o coronavírus, o colapso da Bolsa e os fascismos têm a nos ensinar? Com a palavra, o monge Satyanatha

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"Parte da consciência de monge é você perceber que tem controle do fluir da consciência e da própria mente. É natural do ser humano deixar tudo no piloto automático. E esse piloto automático, está em paz quando tudo está em paz. E desesperado quando está tudo desesperador. Isso não ajuda. Esse ir com a corrente, não causa o equilíbrio necessário. É justamente porque a casa está caindo, que eu preciso ter tranquilidade. No momento do mundo em caos, eu tenho que encontrar minha paz. É aí que ela é mais necessária. Serei eu a tranquilidade no meio do furacão".

"Os medos das pessoas são todos baseados em hipóteses, expectativas e conjecturas. Se o momento é gravíssimo, então deixa eu utilizar este momento. As pessoas talvez precisem de interiorização e recolhimento. É no inverno que a natureza se prepara para a primavera. Aceite o presente para mudar o futuro. Se você não aceita a realidade, você só se reprime".

"O coronavírus é um vírus que resulta do maltrato dos animais. Assim como o HIV. O sarampo tem origem bovina, o H1N1 também tem origem animal. Se as pessoas tratassem diferentemente os animais, com mais compaixão e mais carinho, não haveria nenhuma dessas doenças. A humanidade tem muito pouca noção de interação positiva com animais e meio ambiente. Inclusive na alimentação".

"A Bolsa de Valores deveria funcionar como o sangue funciona no corpo. Pessoas coerentes e bem informadas deveriam decidir para onde vai o fluido vital. O dinheiro deveria ir para onde isso faz sentido. Com o capitalismo de curto prazo, isso se corrompeu. Eram fortunas ilusórias, baseadas no consenso do que as pessoas haviam decidido que alguma ação valia".

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"A gente pode se proteger, investir com menos risco... mas em última instância, tudo é perigoso. Viver é perigoso. Nosso esforço está sob nosso controle, mas o resultado não. Então faça o melhor e se acontecer o que aconteceu, aceite o presente para mudar o futuro".

"O mundo já produz riqueza e insumos para que todos possam ter uma existência digna. O sistema de recompensas é que foi se tornando distorcido. Então o capitalismo, da maneira como está, ele precisa se tornar consciente e coerente. Às vezes é preciso um grande trauma para mudar. E talvez os traumas estejam chegando. Às vezes uma grande ruptura é boa".

"Nosso presidente de hoje é uma expressão da fúria de uma parte da sociedade brasileira. Mesmo pessoas com lados bons, têm lados horrorosos. E quando estes lados são atiçados, estimulados, vai faltando o bom senso. A solução é a consciência. Como conscientizar? A gente está indo pelo caminho contrário".

Por esses dias li uma entrevista do monge Satyanatha, na qual ele dizia, "ser monge é um estado em que você coloca a paz acima do conflito, prioriza o amor acima da inveja ou da raiva....".

Achei bonito.

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Estes não têm sido dias fáceis para a humanidade. As fronteiras da Itália foram fechadas, o sistema financeiro colapsou, e temos um presidente, que não exerce o papel de líder e conciliador.

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Decidi me perguntar, ou melhor, lhe perguntar, que ensinamentos podemos tirar de cada uma dessas situações. Da epidemia que está virando pandemia, do pânico nas economias, e finalmente na cultura de ódio que se alastrou por aí.

 Satyanatha, que em tradução do sânscrito, significa "aquele que busca a verdade" é o nome monástico de Davi Murbach, engenheiro da computação que estudou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e decidiu largar a carreira como consultor estratégico por uma vivência de 7 anos no monastério de Kauai Aasheenam, no Havaí.

Monge treinado no shivaísmo, chegou a passar 33 dias meditando na frente de um muro de pedra, desde o nascer do sol até o cair da noite. 

Satyanatha já deu aulas de meditação para jovens universitários de Stanford e executivos do Vale do Silício. 

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Há quatro anos, estabeleceu-se definitivamente em São Paulo, onde dá aulas de meditação. Autor do livro "Seja monge", há dois anos, ele propôs à Vivo um aplicativo ensinando 907 meditações diárias. É o app Vivo Meditação, no ar há três anos, que já teve 1,2 milhão de downloads...

Segue o áudio da entrevista completa. Vale a pena escutar!

 

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