O confinamento não apenas é fictício, mas ideológico
Por Isabella Marzolla
Assista à entrevista: https://youtu.be/uY3T4pPX9m0
Em seu último livro, lançado em 18 de abril, "A Cruel Pedagogia do Vírus", o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos busca traçar, como indica o título, uma didática argumentação sobre os desdobramentos dramáticos da pandemia do coronavírus à luz da situação econômica e política dos últimos anos.
O autor fala em um novo paradigma social e propõe uma utópica reinvenção da emancipação do ser.
Amigo pessoal do ex-presidente Lula, Boaventura é doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor da Universidade de Coimbra - onde criou o curso de Sociologia - e da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin.
"O século XIX começou com a Revolução Industrial; o século XX começou com a 1º Guerra Mundial em 1914 e com a Revolução Russa de 1917, isto é, com acontecimentos que marcam algo novo. A pandemia vai marcar o século XXI; este modelo de desenvolvimento atingiu um colapso. É a primeira pandemia da globalização. Não vamos ter um pós-pandemia; vamos ter uma pandemia intermitente. Essa é uma das pedagogias do vírus."
"Quanto mais à direita o governo, mais morre gente nessa pandemia."
"O Trump e o Bolsonaro não falam para um país, eles falam para a sua base. (...) Eles estão a seguir o mesmo script, e posso dizer que quem escreve esse script é Steve Bannon."
"A democracia brasileira está à beira de um colapso. Tomem cuidado."
"A rentabilidade das empresas não é compatível com a democracia. (...) O Guedes aplicou o modelo dele no Pinochet, que foi uma ditadura."
"Portugal mostrou em 2016 que o neoliberalismo é uma mentira. Os brasileiros vão aprender. O neoliberalismo é muito importante para fazer uma coisa, que faz muito bem, que é concentrar a riqueza."
"Vamos entrar, lentamente, em uma transição pragmática para uma outra civilização".
"Como diz Sartre, qualquer ideia antes de se realizar é utópica."