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Jornalismo de Reflexão

Como está a saúde dos que cuidam de nós: o burnout médico, segundo a psiquiatra Carmita Abdo

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Por Isabella Marzolla
Atualização:

Nível de pressão com a pandemia fez aumentar o índice entre profissionais da saúde: "Nós não estamos esgotados e com uma sensação de mal estar por nada. É natural, ninguém deve se sentir menos forte"

Assista à entrevista: https://youtu.be/hLVnPCDNdJI

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Como está a saúde mental dos nossos profissionais de saúde? Turnos de até mais de 12 horas, aumento no número de plantões, novos procedimentos de segurança e higiene, a vigília constante de não se contaminar, a pressão em não perder pacientes e o trabalho quase triplicado pela frequência de casos causam esgotamento mental, o burnout, em 1 a cada 3 profissionais da área.

O burnout é a exaustão pelo trabalho. A despersonalização, o desligamento, a falta de interesse são formas de se defender dessa exaustão. Quando o profissional fica parecendo indiferente com o que está acontecendo a sua volta. Cansado, desatento, irritado, sem apetite e sem libido.

O termo síndrome de burnout (SB) foi usado a primeira vez em 1974, pelo psicanalista Herbert Freudenberger, ao observar que seu trabalho não lhe trazia o mesmo prazer de antes.

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Entrevista com a psiquiatra Carmita Abdo, professora da USP, fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

"Ninguém consegue cuidar do outro se não estiver bem atendido nas suas necessidades. É isso que muitas vezes o profissional de saúde não consegue exercer. Ele tem tanta tendência a querer cuidar do outro que esquece do autocuidado".

Carmita lembra que não são só os profissionais de saúde que estão sujeitos ao burn out: "O home office também pode contribuir com o burnout. Se o trabalho pudesse ocorrer no horário padrão, seria interessante. Mas não é o que ocorre".

"Fizemos uma pesquisa antes da pandemia começar e identificamos quais os grupos mais suscetíveis ao burnout. São as mulheres mais do que homens, as pessoas mais jovens e quem mora longe do trabalho. Todo profissional que lida com pessoas é mais vulnerável ao burnout, como professores, operadores de telemarketing, etc".

"As horas de trabalho devem ser alternadas com horas de descanso. Cuidar de si, fazer exercícios físicos, meditação e ter horas de sono respeitadas. Além de tudo isso: Comemore as suas vitórias! A gente passa pelas vitórias como se elas fossem óbvias, mas são muito importantes; você venceu, você salvou uma vida ou recuperou uma pessoa e isso precisa ser enaltecido. Prevenir o burnout também passa por essa atitude de autoelogio, de autoestima, de reconhecer seu valor".

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