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Jornalismo de Reflexão

Os desafios de um CEO em meio à pandemia

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Por Morris Kachani
Atualização:

No limiar da crise sanitária, Ricardo Neves assumiu como CEO da everis, gigante das soluções em tecnologia e negócios. Um ano depois, no embalo da transformação digital, sem colocar os pés no escritório, ele narra sua surpreendente trajetória

Assista à entrevista: https://youtu.be/H5SLymWe3Ao

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O executivo Ricardo Neves, ex-sócio da Price Waterhouse, consultoria a que se dedicou por 30 anos, assumiu o comando da everis, gigante das soluções em tecnologia e negócios, no dia 1 de abril do ano passado. Pilotou a companhia remotamente, sem pisar no escritório, sem sequer ter conhecido pessoalmente o board, como se em um videogame estivesse.

E, no embalo da aceleração das novas tecnologias, da transformação digital e aquisição de hábitos no padrão de "5 anos em 1", por conta do modus operandi imposto pela pandemia, viu a companhia multiplicar seus negócios em uma escala impressionante.

O número de funcionários diz por si só. Eram 2700, hoje são 4000. Mas claro, nem tudo são flores. Muitas descobertas para serem compartilhadas neste foro, no âmbito do Inconsciente Coletivo.

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"Naquele momento que o mundo parou eu estava justamente fazendo a transição de um lado para o outro. Foi tudo por computador, 'videogame' total. Tinham vários eventos programados para falar com as pessoas; café da manhã, encontro com grupos, visitar os escritórios e os clientes e tudo isso foi por água abaixo"

"A empresa tinha uma relação muito forte com os seus clientes - bancos, seguradoras, telecomunicações, empresas de saúde ou até de bens de consumo -, principalmente na chamada aceleração digital. E a aceleração digital das empresas aconteceu durante esse ano. Foi isso que fez com que a gente conseguisse um grande crescimento na empresa, porque a gente foi realmente atender essa grande necessidade dos clientes que não mais podiam trocar papéis, tendo os clientes em suas casas"

"Através de videoconferências, conseguimos desenvolver as pessoas dentro da organização. Eu sempre brinco que o que me tira da cama é ver pessoas crescendo, é ver pessoas se desenvolvendo; eu acho que mais do que a quantidade e o crescimento em números, é ver o crescimento das pessoas"

"Hoje em dia alguns dos aplicativos colocam um fundo atrás [nas videoconferências] para não mostrar onde você está, mas na prática o que aconteceu é que você ficou mais exposto. Eu acho que essa maior exposição de nós deu uma humanidade, aumentou a empatia. Durante as videoconferências, inclusive com criança por perto ou quando tocava a campainha e a pessoa era a única em casa e tinha que atender, isso tudo deu uma humanidade e aproximou as pessoas. Foi um grande exercício de empatia onde todos estavam vivendo a mesma coisa. Acho que esse foi o lado positivo".

"Por outro lado, você tem agora problemas que não tinha tanto com a saúde mental, saúde física. Na verdade, o que existe é um espectro grande de pessoas, em que algumas delas podem até ser felizes trabalhando de casa, mas tem muita gente que vai precisar e precisa voltar para suas realidades, da conexão com as outras pessoas, muitas inclusive sem a condição física de trabalhar em casa. Como CEO, a dificuldade é ver qual decisão é boa para todo mundo. Talvez eu não tivesse capturado essa percepção sem a pandemia, quando eu tive que falar com mais de 150 pessoas por vídeo"

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"Eu acho que a forma do trabalho que a gente executava antes da pandemia não volta mais. Eu acho que vamos ter um mundo híbrido, que vai usar muito mais a capacidade remota de fazer o trabalho misturado com a parte física, porque nós continuamos gregários, a gente quer se unir, a gente quer ver as pessoas, tomar um cafezinho, ir almoçar. Eu vejo também um avanço grande na busca pelo conhecimento da educação virtual, da educação à distância"

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"Não só a diversidade se traduz em crescimento, mas também diversidade e criatividade, diversidade e capacidade de atender melhor o cliente combinam muito"

"Passamos por um momento muito difícil politicamente, economicamente e de saúde. Eu acho que é quase um fundo do poço - e eu espero que seja, porque do fundo do poço só tem como ir para cima. Mas eu sou um otimista inveterado, eu não consigo não ser otimista nas coisas, sempre tento ver aquilo que vem de melhor.

Mesmo naqueles setores que tiveram grande impacto, turismo por exemplo, eu acho que, tem aquela frase do Churchill "nunca desperdice uma boa crise", que para o setor empresarial em geral é quando você tem situações desse tipo que você limpa muita coisa, você fica mais eficiente e que quando voltar sua produtividade vai estar melhor".

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