Foto do(a) blog

Jornalismo de Reflexão

Uma nova escola na avenida

A chegada da escola Avenues inspira uma desestabilização incrível para São Paulo e gera, também, uma polarização de amor e ódio

PUBLICIDADE

Por Morris Kachani
Atualização:

Nem bem abriu as portas de sua bela sede de 40 mil metros quadrados no coração da Cidade Jardim, em frente à favela Jardim Panorama, a escola internacional Avenues já causa polêmica e divide opiniões entre pedagogos, professores e pais de alunos.

PUBLICIDADE

Ostentando a fama de ser uma das escolas mais caras do Brasil, com mensalidades em torno de R$ 8 mil, a Avenues desembarca em São Paulo prometendo um currículo inovador, abordagens interdisciplinares em sala de aula e o compromisso de proporcionar experiências de intercâmbio e diploma internacional aos alunos. Sua proposta: a de formar "novos cidadãos e líderes globais".

Esta será a primeira filial da Avenues pelo mundo. A matriz, fundada em 2012, fica em Nova York, no bairro de Chelsea, e entre seus estudantes ilustres, conta com a filha de Tom Cruise e Katie Holmes.

Várias outras escolas paulistanas de elite cobram mensalidades que chegam muito perto dos R$ 8 mil cobrados pela Avenues. Ela vem justamente para disputar um espaço que continua crescendo, mesmo em tempos de crise econômica.

E há demanda. Foram cerca de 4000 pais participando dos eventos de apresentação destinados aos interessados em matricular os filhos na Avenues. Em sua maioria brasileiros. O calendário seguirá o americano, do hemisfério norte, por isso a abertura em agosto. As aulas, em inglês e em português.

Publicidade

Oferecendo salários acima da média, a Avenues contratou ex-professores da britânica St. Paul's e das norte-americanas Chapel e Graded, e de colégios tradicionais como Porto Seguro, Bandeirantes e Santa Cruz.

Deste último, depois de 40 anos de casa, veio Cristine Conforti, que assume o posto de diretora pedagógica.

Ela nos recebeu no luxuoso escritório da escola, no Itaim. Em que medida a abertura de uma instituição com este perfil dialoga, ou aprofunda, as desigualdades? Este o tema da conversa.

Entrevista a André Dominguez do Carmo e Morris Kachani

Por que a Avenues escolheu vir para o Brasil, especificamente para São Paulo?

Publicidade

Porque enxergaram que São Paulo é um centro altamente cosmopolita, é um centro financeiro, é um centro cultural em expansão e é uma cidade extremamente vibrante. E eles também viram em São Paulo uma cidade que carecia, em demanda, de uma escola, de uma empresa no modelo Avenues - esse estilo de espaço internacional que representaria Nova York, o mundo cosmopolita, global, com muitos centros.

PUBLICIDADE

Por que você deixou o Colégio Santa Cruz, onde atuou por 40 anos, e foi para a Avenues?

Existe um tempo na vida em que são poucas as oportunidades de se abrirem janelas que apontem para paisagens bastante novas. E a Avenues me trouxe uma nova experiência de caminhar e de olhar a educação como um assunto extremamente complexo diante de um futuro impreciso. Além disso, a sensação de criar algo é muito bonita e extremamente prazerosa.

Eu vou usar uma metáfora. Tendo um itinerário em mãos e estando munida de um GPS, eu tenho todas as referências previstas: as ruas em que preciso entrar e as ruas em que não posso virar. Sendo ou não uma boa motorista, o GPS garante o suporte necessário ao me conduzir pela melhor rota. Eu acredito que esse é, também, um jeito de atuarmos profissionalmente. As referências se tornam substanciais, pois elas dão segurança.

Só que agora é preciso navegar sem o GPS. É um espírito de rali: eu tenho que ir de Paris para Dacar, eu sei onde eu tenho que chegar, só que as minhas referências são imprecisas. E essa é a experiência que eu quis viver, essa experiência de uma tomada de decisão em uma situação complexa e que não está fundada em mim mesma. Eu tenho referências, eu estou em um rali, eu sei guiar. Mas não é o bom piloto que chega a Dakar: quem chega a Dakar é uma equipe.

Publicidade

 A educação está em transformação?

A educação se alterou de uma maneira acelerada e com inúmeras variáveis. Nós estamos diante de uma mesa lotada de documentos, imagens, falas, pensamentos - e nada disso ainda está completamente organizado. As crianças, os jovens e mesmo os adultos estão conversando em uma nova linguagem, o que altera o modo de olhar, de dizer e de se organizar no espaço coletivo de uma escola.

Do ponto de vista do mundo disciplinar, do conteúdo, está explícito que as fronteiras disciplinares são os espaços de maior inventividade.

 O que você faz, hoje, na Avenues é muito diferente daquilo que você fazia no Colégio Santa Cruz?

É diferente. A minha saída do Santa Cruz se pautou na busca de um outro universo e na procura de outros significados e recortes de realidade. O Santa Cruz é uma escola com uma história de 60 anos, o que não é pouca coisa. A história alimenta e fornece uma segurança e uma certa satisfação pelos resultados elogiáveis. Mas, o que eu desejava era a experiência da desestabilização por estar em uma instituição capaz de fazer uma autocrítica constante.

Publicidade

 Autocrítica?

A autocrítica é difícil, dói, incomoda a nós mesmos. Muito mais do que um desconforto, ela nos faz questionar sobre o sentido daquilo que se tem produzido até então com aplausos. A autocrítica precisa abrir um espaço para ouvir os comentários trazidos por outras pessoas.

 O que você encontrou na Avenues?

Escolas funcionam bem se têm coerência interna. Estou falando de escolas, mas o mesmo serve para empresas. O Santa Cruz é um colégio que funciona dentro do seu aparato, da sua estrutura, na forma de conduzir os seus princípios rumo a algum lugar. Agora, existem outros projetos de escola como a Avenues, que inspira uma desestabilização incrível para São Paulo e que gera, também, uma polarização de amor e ódio.

No que consiste essa desestabilidade?

Publicidade

Eu percebi que acreditava na interdisciplinaridade como um core do currículo, como algo possível, exequível e consistente. Mas que era uma referência extremamente difícil de trazer e aplicar essa noção do conhecimento que se produz nas fronteiras entre as disciplinas - e que são saberes altamente criativos - a uma realidade educacional muito pautada justamente na separação das disciplinas.

Hoje, essas zonas fronteiriças se entrelaçam em projetos incríveis. Assim como há outra zona fronteiriça que começa a esvanecer e que está no campo da hierarquia entre o que um adulto diz, afirma, impõe e a forma com que uma criança responde a isso.

 Você está falando da hierarquia na relação entre o professor e o aluno?

Estou falando do espaço que a criança tem para a manifestação de sua lógica e de uma abertura pedagógica para uma lógica infantil: de fato, ela pode iluminar e estabelecer novas formas de relação com o mundo adulto.

Quando essa hierarquização da escola que professa encontra as perguntas das crianças, esses questionamentos fazem emergir dentro das instituições uma relação que deve estar baseada na concessão de escolhas e responsabilidades ao estudante sobre os caminhos que ele precisará trilhar, e não ser imposta.

Publicidade

E você identificou esse potencial na Avenues?

Eu fiquei realmente encantada com o currículo da Avenues, porque ele trazia de uma maneira concreta essa possibilidade de convergências que, para mim, ainda estava no campo teórico dos livros. Aquele currículo me trazia a imagem de uma eficácia possível que se renova a cada instante, com uma dinâmica que está fora do tempo mais lento da escola e naquele espaço mais configurado e delimitado tanto da sala de aula quanto da grade curricular.

Você disse que a Avenues gera uma polarização de amor e ódio. Por que?

Porque ela é um incômodo. Quando a Avenues chegou a São Paulo, ela entrou em um lugar de disputa por estudantes de colégios privados que podem procurar diferentes escolas. E a Avenues vem de fora: é um corpo estrangeiro que altera lugares e que vem procurar um espaço onde estava tudo mais ou menos ocupado. Ela entra como uma escola que se propõe a avançar tomando o território de todas.

Como será tratado o bilinguismo?

Publicidade

O conjunto de escolas internacionais com tendência ao bilinguismo tem se fortalecido, mas a Avenues funciona de outro jeito. Eu penso que as escolas bilíngues mais tradicionais, aquelas que têm dois currículos, enxergam a língua inglesa de modo mais instrumental.

Nós vamos trabalhar com o bilinguismo? Claro, porém não de um jeito cindido. Nós promovemos uma internacionalização que não está só no nome - está na explosão de outras escolas fundadas em outros países e que poderão estabelecer comunicação entre si. [A Avenues planeja expandir filiais, primeiramente em Xangai, na China, e depois em Miami e Londres].

A polarização de amor e ódio também tem a ver com a questão do valor da mensalidade?

Não é o valor da mensalidade que provoca as antipatias. É algo fácil de capturar para usar como justificativa. A mensalidade é um elemento e a Avenues não está sozinha, ela não é a única. Outro elemento é a forma como a Avenues se apresenta em termos de imagem e comunicação. Isso é muito forte. E eu acho bonito toda essa busca pela surpresa. O espaço da surpresa é um espaço de arte e, no geral, as escolas sempre gostaram de permanecer na penumbra do estético. A comunicação das escolas costuma ser uma comunicação pouco vibrante, que tende ao lugar-comum, ao jargão.

São Paulo é uma cidade que convive de modo latente com as desigualdades sociais e a Avenues vai se deparar com isso. Como uma escola com o perfil da Avenues se encaixa nesse cenário?

Publicidade

Eu sou uma pessoa muito crítica e essa é uma pergunta crucial. Dá vontade de chorar com as desigualdades do meu país. E existe um silêncio meio tácito nas escolas de anuidades elevadas. Mas, a Avenues tem fins lucrativos. Em nenhum momento ela diz querer intervir de maneira ágil e eficaz nas desigualdades brasileiras. Ela não traz isso. Ela diz que quer trazer uma educação desse tipo para quem puder pagar e para quem concorda e deseja esse tipo de educação.

O que você quer dizer com isso?

A Avenues não é apenas uma escola de Nova York, a Avenues é uma escola de Chelsea [bairro de Manhattan]. E a desigualdade do Brasil não se compara com a desigualdade de Chelsea, ainda que hoje existam, lá, remanescentes de uma história de Nova York marcada pelos trabalhadores, pelas fábricas, pelos edifícios em que viviam moradores de orçamento mais baixo. Agora, quando a Avenues se instala em São Paulo, na Cidade Jardim, ela se encontra com outros vizinhos, que são os moradores do Jardim Panorama e do Real Parque.

Como a Avenues vai se relacionar com esses vizinhos?

Nós podemos ajudar esses nossos vizinhos indo até eles, não nos fechando para eles. A primeira coisa que temos de fazer é pedir licença para os nossos vizinhos, porque estamos vindo depois deles, estamos ocupando um lugar. Eles moram de frente à Avenues, mas vamos pedir licença para conviver em um espaço que é comum, que é a nossa rua. Para mim o termo "bem comum" é muito forte. E essa comunidade do Jardim Panorama é muito carente. Então, acho que podemos ajudá-los naquilo que nós temos de mais importante e mais rico: a educação. Nós precisamos alimentar aquelas crianças de projetos de futuro. Elas precisam acreditar que é possível aprender a ler e escrever direitinho, que é possível ultrapassar o enigma das quatro operações. É aquele pouco que é o muito, sabe?

 (Silêncio)

No momento estamos estudando, mapeando os casos, fazendo visitas. E visitar não é chegar com um projeto pronto - é se apresentar e apresentar ideias. Então, o principal é perguntarmos o que eles querem, porque seria muita prepotência chegar lá por imposição. Afinal, é muito difícil, eles também estão em uma bolha.

Os moradores dessas comunidades estão em uma bolha, e vocês estão em uma outra bolha....

Lógico, todos estão em suas bolhas. Eu não vejo muita intercomunicação. São Paulo é uma cidade extremamente dissolvente em que tudo é segmentado, mesmo entre os iguais. Mas eu sou uma pessoa muito otimista que acredita haver muitas coisas a serem feitas e que, talvez, eu nunca tenha tido tantas oportunidades como agora, na Avenues. Porque há espaço possível entre as bolhas: os espaços comuns, do bem comum, da comunidade. Os lugares que são de todos ou que podem se tornar de todos.

Então, trata-se de atuar em busca de uma sociabilização que virá a ser saudável se considerarmos que entre nós, humanos, há um eixo comum em que os conjuntos se entrelaçam: somos todos humanos, temos sonhos parecidos para os nossos filhos, para os nossos netos, para os filhos dos nossos filhos e para os filhos dos nossos netos.

Ainda assim há aquela polarização de amores e ódios, não?

Quando eu falo de polarização difícil de superar, estou falando das polarizações fundamentalistas, que não conseguem caminhar para um espaço de discussão saudável. E essa coisa de amor e ódio é algo muito primitivo. Vamos saltar disso, é outra coisa que está em pauta: é uma possibilidade real de transformação. E eu acredito e gostaria muito que a Avenues pudesse contagiar, entusiasmar e colaborar em fazer essa mudança pela educação, dissolvendo um pouco as fronteiras, as bolhas.

Como universalizar um ensino de qualidade no Brasil? Como as escolas privadas podem contribuir com as escolas públicas?

Antes de tudo, aprendendo com elas e ouvindo suas histórias. Depois, participando ao vivo do processo: atuando voluntariamente no suporte pedagógico às crianças que ainda não aprenderam. Levando até as escolas públicas exemplos e práticas de metodologias ativas que envolvem os estudantes e lhes permitem descobrir que aprender é bom, belo e possível. Aproximando os professores em sua identidade, apesar das diferenças. E aproximando as crianças dessas realidades tão diversas para lhes ensinar na prática que, sem empatia e colaboração, a distância tende a aumentar e tornar impossível o convívio no espaço do bem comum, o bairro comum, a cidade comum.

 Como a Avenues dialoga com pensadores brasileiros que ajudaram a formular um conceito de educação, como Paulo Freire, Milton Santos e Darcy Ribeiro?

O Paulo Freire é praticamente uma unanimidade - ele é muito bem visto e muito bem quisto no exterior. O Darcy Ribeiro já não é uma unanimidade, mesmo entre os professores do Brasil e o Milton Santos é forte entre os geógrafos.

Mas não há quebra de paradigmas, não. A Avenues dialoga com eles, mas esses interlocutores terão que ser apresentados à Avenues de Nova York pelos brasileiros. Esse é um papel relevante e, de certa forma, acho que é por isso que eles me contrataram. Acho que eu represento dentro da Avenues o lugar da nossa cultura, a brasilidade, mas é essa brasilidade porosa, permeável.

 Como a língua e a identidade brasileira serão tratados na Avenues?

A pergunta que mais ouço dos pais de alunos brasileiros é se a Avenues conseguirá dar aos seus filhos a consistência para formar a identidade brasileira deles, principalmente quanto à competência na escrita em língua portuguesa.

Se os seus filhos vão conhecer a história do nosso país. E eu digo que sim, que eles vão conhecer a nossa história, mas eles vão conhecer a história do nosso país dentro da história do mundo. Nós estamos falando de uma história global, de que tudo o que acontece no mundo está conectado. Não é um umbigo.

Que mais os pais perguntam?

A outra pergunta é justamente a questão da bolha, da abertura: muitas famílias pedem entrevistas pessoais comigo para saber se a Avenues vai ficar trancada em uma redoma e se os seus filhos terão condições de olhar para fora, de fazer alguma coisa por quem está em situação de absoluta desvantagem no mundo.

Essa é uma preocupação dos pais e das mães. E dos alunos, também. Eles são jovens muito argutos e conscientes de que não é mais possível se cristalizar nessa espécie de alienação sobre o que lhes é tão diverso. Mas, é claro que existem aquelas famílias que se encaixam no estereótipo da elite que nega a realidade brasileira. Isso existe em todas as escolas.

O fator universidade, ensino superior também é uma questão que chega até você?

Sim. As famílias estão preocupadas com o vestibular, sim. Há uma preocupação com o futuro, com o ingresso dos alunos nas universidades. E veja que muitas famílias olham para os seus filhos cursando as boas faculdades do Brasil e não as de fora. O exterior fica para depois, para a pós-graduação.

As famílias olham seus filhos como investimentos?

É feia essa frase. Eu ouço há muitos anos os pais se referirem à escola como sendo um espaço de networking. Agora, o filho como investimento? Acho essa expressão cruel. Talvez eu esteja dourando a pílula, mas acho que se as famílias quisessem ver a educação como um investimento no futuro dos seus filhos, talvez aí, sim. A educação como investimento.

E você concorda com a visão da escola como espaço de networking?

Penso que sim. Eu escuto isso desde que eu era professora. E não é uma coisa que se diga com pudor. Já que esse espaço é uma escola, então que corresponda ao futuro dos jovens, porque eles vão se relacionar com várias pessoas e, fazendo isso bem, nas suas vidas profissionais, eles vão conseguir manter conexões.

Quando lemos sobre a Avenues, um ponto fica muito em evidência: a formação de cidadãos e líderes globais. O que essa ideia de liderança quer dizer?

A liderança está calcada em um binômio: na consciência do seu próprio potencial transformador vinculado a uma humildade. Um líder de verdade é aquele que ajuda a colocar os seus colegas em outro patamar. É aquela ideia de equipe muito forte aqui na Avenues. Seria extremamente antiquado falar na formação de uma elite que possa vir a conduzir o país. Isso é messiânico e não combina com a noção de um universo educacional em que se pensa na dissolução das fronteiras que separam.

Essa é uma escola onde as pessoas só vão chegar de carro, provavelmente. Não vai ter a caminhada. A pessoa já chega de carro.

Vou te dar um exemplo de uma coisa bacana. Você sabe que a Avenues está com um grupo de alunos que a gente chama de "Os Primeiros" (OP). Eles são alunos que saíram da escola brasileira em dezembro e como a Avenues abre em agosto, eles se matricularam, tiraram férias de meio ano e fizeram cursos. Em maio eles foram para Nova York.

Assim que eles chegaram lá, nos primeiros dias, cruzei com alguns pais em reuniões. Seus filhos estavam amando a escola de lá porque eles podiam ir a pé, sozinhos, ou pegar uma estação de metrô. Não só a facilidade de locomoção, mas sozinhos. E é uma sensação que eles não sabem que tinha, de ir sozinho, você põe a mochilinha e anda. Porque tem uma comunidade que te dá um suporte ou que não te agride - existe um espaço de bem comum. Esses meninos estão andando sozinhos, com 15 anos de idade, podendo andar 500 metros ou 1 quilômetro pela cidade, pelas avenidas, atravessando a rua. Você pode imaginar que prazer e que aprendizado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.