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Opinião|A melhor defesa é o ataque

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 Foto: Estadão

Recentemente, a Adobe liberou a primeira versão preliminar do Edge, um novo produto que permite a desenvolvedores criar sites em HTML 5. De imediato, muita gente no mercado disse que a empresa de San Jose (Califórnia) havia se rendido ao movimento contrário ao Flash, que ganhou força porque iPhones e iPads não rodam nada feito com ele. Alguns colegas macmaníacos chegaram a comemorar a morte do Flash, creditando o feito à Apple.

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Muita calma nessa hora! Ele continua bem vivo. Apesar do incômodo para usuários e desenvolvedores causado pela briga entre Adobe e Apple, o Flash continua sendo a primeira e a segunda opção para se criar conteúdo multimídia na Web. Tanto que navegar pela Web com iPhones e iPads ainda é uma experiência frustrante pela sua incapacidade de rodar elementos criados com Flash. A Adobe naturalmente nega que o Edge tenha sido criado para substituir o Flash, sendo apenas sua resposta a uma comunidade de desenvolvedores que deseja explorar o HTML 5.

O que pouca gente notou é que essa nova investida da Adobe pode criar uma enorme dor de cabeça à Apple. Qualquer um que queira criar produtos para iPods, iPhones e iPads tem que se submeter a regras bastante rígidas da Apple. Como a única maneira de se instalar algo nesses produtos é passando pela App Store, a Apple controla com mão de ferro esse desenvolvimento, sumariamente rejeitando qualquer coisa que contrarie seus interesses. Sem sua benção, os usuários não têm acesso a qualquer produto.

Mas a Apple não controla a Web e, consequentemente, o HTML 5. Em um mundo em que as coisas funcionam cada vez mais na "nuvem", essa linguagem é mais que suficiente para criar aplicaç?es bastante sofisticadas (experimente visitar a Chrome Web Store, do Google). Sofisticadas e livres do controle do império de Steve Jobs.

Por isso, as grandes empresas de mídia, que veem nos tablets uma tábua de salvação frente às dificuldades de seu antigo modelo de negócios, mas que se sentem muito incomodadas com as regras da Apple, começam a prestar atenção no HTML 5. O Financial Times foi o primeiro grande título que substituiu sua aplicativo para iPad por um equivalente na Web. Para o usuário, não há nenhuma perda em sua experiência. Para a empresa, a diferença é enorme, uma vez que não precisa mais limitar seu produto ao que a Apple determina ou dividir sua receita com ela.

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É, portanto, um grande negócio para os desenvolvedores e para os usuários. O Edge não é um produto de defesa da Adobe: está mais para um ataque. E o Flash continua vivo, para alegria da multidão de desenvolvedores. Afinal, a Web tampouco morreu. E o Android roda Flash.

Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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