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Jornalismo, educação, tecnologia e as combinações disso tudo

Opinião|Educação à distância supera a presencial

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Recentemente, o Departamento de Educação dos EUA divulgou um relatório de 93 páginas sobre uma pesquisa de 12 anos que comparou resultados de vários cursos dados de maneira presencial e online (total ou parcialmente), com estudantes desde o equivalente ao nosso Ensino Infantil até o nível superior. E o resultado foi impactante: os alunos que tiveram pelo menos parte do curso online obtiveram resultados 18% superiores, em média, aos do ensino estritamente na sala de aula (59 pontos contas 50). O resultado despertou a atenção até da "velha dama cinzenta", que publicou reportagem sobre a pesquisa.

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Surpreendente para muitos, a performance dos estudantes online não causa espanto em quem está na área. Não bastasse o já mencionado maior empenho exigido dos estudantes, a educação digital oferece aos professores uma ferramenta que lhes permite realizar um sonho (por sinal, exigido pelas políticas educacionais): o ensino personalizado. Nunca antes na história desse país (e do mundo), o professor foi capaz de saber exatamente o que cada aluno de suas turmas -individualmente- estava aprendendo ou deixando de aprender. Com os relatórios desse tipo oferecidos pelos sistemas educacionais, é possível agora realizar atividades personalizadas -também auxiliado pela tecnologia- para sanar as deficiências.

Seria o paraíso na Terra, se o modelo também não exigisse do professor a mesma dedicação ampliada. Afinal, assim como os alunos, o trabalho do mestre -raramente preparado para essa nova realidade- agora também é individualizado: ele tem que dar atenção a cada aluno. Apesar do inegável auxílio tecnológico, fazer isso bem feito se torna uma tarefa hercúlea à medida que as turmas aumentam de tamanho. E os mantenedores não têm o menor pudor em inchar suas classes.

Apesar disso, os resultados estão aí, e agora tabulados pelo equivalente ao MEC nos EUA. Onde está então o pulo do gato então? Resposta (entre outras): a tecnologia está dando voz aos alunos, outra grande novidade. Eles deixam de ser meros receptores de informação, pois o professor deixa de ser a única fonte do conhecimento. Como resultado, alunos agora participam ativamente da criação da experiência de aprendizagem sua e dos colegas. O professor passa a ser muito mais o mediador do conhecimento que o instrutor. E também aprende com os alunos.

O que não se pode fazer é tentar manter as mesmas estruturas e culturas educacionais arcaicas, apenas com roupagem nova. Ensinar decoreba no livro ou com multimídia é decoreba em ambos os casos. E as crianças hoje exigem -e merecem- mais que isso. Devemos rejeitar os "brócolis cobertos de chocolate" que inundam o mercado de software educacional e abraçar as iniciativas pedagógicas que compreenderam a nova realidade e estão criando produtos que realmente tirem proveito de tudo que a tecnologia oferece. Quando conseguirmos realizar isso de maneira consistente, o Brasil poderá sair da lanterninha das avaliações internacionais de educação -como o Pisa- e as empresas terão menos preconceito com os estudantes formados por cursos à distância, tão bons ou melhores que os presenciais.

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