Conversando com algumas pessoas sobre o caso, gente que não é especialista, que não é jornalista, nem médico, nem advogado percebi uma reação comum, mas embutida de sentimentos que eu achava opostos. A primeira reação que notei nas pessoas que comentam o crime é dizer que o estudante "estava surtado, drogado, que é um louco, coitado" para na sequência cravarem que "é louco e ruim, não precisava matar e tinha que pagar pelo crime".
De fato acreditava que essa reação trazia um antagonismo em si, mas lendo o blog do psiquiatra Daniel Barros, percebi que ela tem uma correspondência na lei. Segundo Barros, que deixa claro não ter como afirmar se o rapaz tem ou não transtorno mental, " o fato de alguém estar psicótico não exclui, por si só, sua responsabilidade, civil ou criminal. Para a lei, não é suficiente estar doente, mas a condição deve necessariamente levar ao prejuízo do entendimento ou do autocontrole para tornar o agente inimputável (isento de pena) ou incapaz civilmente. Não basta ser doença, tem que participar."
Aliás, Barros adiantou em seu blog um novo debate à cobertura do caso que surge com a revelação de que o estudante premeditara o crime, como informa em reportagem desta quarta-feira o enviado especial do Jornal da Tarde à Foz do Iguaçu, Josmar Jozino. "Uma coisa não exclui a outra: um paciente com esquizofrenia pode achar que seu vizinho é um alien que quer matar sua família e, movido por essa crença, planejar uma emboscada bastante detalhada para matá-lo. Planejamento depõe contra impulsividade, não contra insanidade", escreveu.