Vozes: não consigo separar fantasia da realidade

O relato de Tiago (nome fictício), reproduzido abaixo, inaugura a seção Vozes..., espaço no Sinapses destinado à publicação de testemunhos de portadores de algum distúrbio mental. O objetivo é permitir que eles possam compartilhar experiências, relatar como receberam o diagnóstico, falar sobre seus temores e desejos,  ajudar outras pessoas na compreensão do problema e mostrar como vivem (bem ou mal) os que têm e escondem sua doença, assim como os que as revelam (veja como participar).

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Por Claudia Belfort
Atualização:

Seis meses em quadro psicótico

 Foto: Estadão

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Meu surto foi em julho de 2007. Experimentei vivências que para mim eram reais, de caráter persecutório. Eu não desconfiava que o que estava vivendo eram delírios e alucinações, visuais e auditivas. Em dado momento, pensei que aquilo poderia não ser real. Liguei para meu psicoterapeuta e disse "acho que não estou conseguindo mais separar a fantasia da realidade". Na manhã seguinte, ele me visitou e disse que eu seria encaminhado para um psiquiatra para ser medicado.

Durante seis meses continuei em quadro psicótico. Experimentei dois antipsicóticos, quatro antidepressivos e um ansiolítico. No início de 2008, o antipsicótico foi trocado por outro, em uma semana as alucinações sumiram e os delírios perderam o sentido. Mas aí vieram desânimo, inapetência, anedonia (perda de prazer, da capacidade de gostar de algo), desinteresse, dificuldades cognitivas. Suportei a vida assim por mais um ano e meio, quando o antipsicótico foi retirado, e continuando com o antidepressivo e o ansiolítico em dois meses voltei ao normal. Remissão completa do quadro. Não se sabe ainda se o que senti nessa fase era depressão, sintomas negativos da esquizofrenia, ou efeitos colaterais do antipsicótico. Meu diagnóstico final foi Transtorno Esquizoafetivo.

Para enviar seu testemunho é só escrever para claudia.belfort@grupoestado.com.br .

Veja como participar

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