Cristina ou Dilma?

Não sei se a gente precisa se preocupar com isso, mas a criatura política que o ex-presidente argentino Néstor Kirchner inventou na Casa Rosada é, desde domingo passado, maior que seu criador.

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Por Redação
Atualização:

Aprovada em primeiro turno para um segundo mandato, Cristina Kirchner saiu do pleito com estatura eleitoral regulando com o prestígio de Juan Perón. Mal comparando, é como se, em 2014, Dilma Rousseff ultrapassasse Lula em carisma para entrar pra história par e passo com Getúlio Vargas em seus melhores dias no poder.

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Ninguém leva isso a sério hoje no Brasil, da mesma forma que na Argentina seria piada imaginar algo parecido no primeiro ano do governo da mulher do Néstor.

Tamanha surpresa nas urnas teria, inclusive, feito Cristina reforçar as aplicações regulares de botox, temerosa de que eleitores percebessem na expressão facial da candidata reeleita o quanto ela própria ficou espantada com sua performance eleitoral.

O tal 'cristinismo' está virando uma espécie de religião muito mais popular que a Igreja Maradonista. A rigor, a súbita devoção dos argentinos à sua presidente só encontra paralelo no gosto daquele povo pelo bife de chouriço e pelo Alfajor de doce de leite.

Dá até pra desconfiar que o fenômeno possa estar sendo forjado no inconsciente coletivo de los hermanos para que, no futuro, eles possam dizer que Cristina foi melhor que Dilma, da mesma forma que hoje fazem ao comparar Maradona a Pelé.

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O que poderia muito bem instigar nos brasileiros uma reação nacionalista capaz de transformar o 'dilmismo' no maior prodígio político da América Latina nos anos 2010.

Enfim, ainda vamos sentir saudades do tempo em que tínhamos em comum com o país vizinho a pretensão de ser os maiores do mundo no futebol.

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