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Olhos nos olhos

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Por Redação
Atualização:

O teleprompter é, ainda, um problema sério no Horário Eleitoral Gratuito da televisão brasileira. Não são poucos os candidatos a deputado País afora que, na leitura do próprio número - que seja! -, olham fixamente para um ponto infinito que só os cegos enxergam atrás do espectador. Repara só!

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         Dá para votar num desconhecido que, nos 15 segundos que tem para se apresentar, não consegue cruzar seu olhar com o do eleitor? E, no entanto, a culpa nem sempre é dele, coitado, visivelmente desconfortável no frio do estúdio, em busca de uma cola de texto nalgum espaço acima - ora à direita, ora à esquerda - das têmporas do público votante que lhe assiste em casa com visível má vontade.

         Não são os piores! Há até algo de ingênuo e sincero em quem dá a cara à tapa e faz papel de idiota na propaganda política obrigatória em curso. Depois que aprende a se relacionar simultaneamente com a câmera e o teleprompter, aí sim, o político vira um completo dissimulado. Eu, pelo menos, desconfio de todo candidato capaz de ler seus improvisos sem tirar os olhos do eleitor.

Não é fácil e, até certo ponto, arriscado. Dizem que, se bater um vento na hora, o cara fica para sempre com aquele olhar oblíquo do ex-presidente argentino Néstor Kirchner. Será?

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