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Quando deram vez ao morro...

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Por Redação
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 Foto: Estadão

O filme já começa enganando a plateia: jovem em desabalada carreira pela favela entra esbaforido em casa, bate a porta às suas costas e é logo inquirido pela mãe nervosa, diante do irmão 'de menor' assustado: "Fala, fala logo!" Os tiros na porta parecem iminentes quando o rapaz, aparvalhado, desembucha de supetão: "Eu passeeeiii!!!"

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A explosão de felicidade no barraco pela aprovação do primogênito da família no vestibular surpreende a plateia com uma sensação absolutamente nova na moderna dramaturgia do morro: alegria de pobre não dura pouco em 5X Favela- Agora por nós mesmos, o longa metragem que representou o Brasil em Cannes e arrebatou esta semana o Festival de Paulínia (SP).

Se você é daqueles que, de tanto ver gente furada a bala nos filmes de última geração do cinema brasileiro, já havia se dado por satisfeito com o gênero favela, vale a pena esperar mais um pouco. Quase tão bem feitinho quanto Cidade de Deus e Tropa de Elite, chega às telas no final de agosto um olhar bem-humorado e esperançoso sobre o cotidiano nas "comunidades" assentadas no teatro de operações do tráfico de drogas carioca.

Justo lá, onde não vale nada, a vida é uma festa, um traçado de graça na dramaticidade da precisão. Em cinco episódios dirigidos - e em parte protagonizados - por artistas criados na perifa do asfalto, o longa-metragem produzido por Cacá Diegues e Renata Magalhães saiu melhor que a encomenda. Junto com o talento da equipe de iniciantes mesclada a técnicos experientes, faz estourar na tela a vida como ela é à margem dos estereótipos dos bolsões de violência nas grandes cidades brasileiras.

Tem criança brincando na rua, muito rolinho na cabeça, pipa, molecagem, conversa fiada, solidariedade, violino, lan house, amor, amizade, gargalhada, até final feliz pra batida errada de pobre tem. Não é mais um filme sobre favela. É um filme da favela! Chegamos, enfim, ao cinema novo!

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