A indústria do panetone está ainda estimando o prejuízo esperado para este período de Festas. Talvez escape da quebradeira o fabricante que vencer o pregão eletrônico da próxima quinta-feira, em Brasília, quando o governo do Distrito Federal vai licitar a compra de 120 mil panetones "destinados à distribuição em famílias de baixa renda". A ideia de fazer do pobre um álibi, traduzindo em caridade o que "as imagens não falam por si", virou a grande obsessão de Arruda depois daquilo tudo. O panetone, na verdade, foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça devido à proximidade do Natal. Poderia ter creditado o flagrante de dinheirama ao peru amigo ou ao bacalhau beneficente, mas, na hora agá, sobrou para o panetone, coitado!
Não é a primeira vez que um artigo inofensivo de consumo cai em desgraça junto com a reputação de políticos e governantes pegos com a boca na botija. No início de 2008, a tapioca protagonizava o escândalo da vez em Brasília, assim como, num passado metido à besta, o uísque Logan, a caneta Mont Blanc e a gravata Hermés viraram grifes malditas da era Collor. Não lembro direito que outras marcas sofisticadas ocuparam na época o vácuo no mercado, mas é certo que, no caso da derrocada do panetone, só vai dar rabanada neste Natal.
Texto publicado na coluna Ambulatório da Notícia deste domingo no Estadão.